Bogotá, Colômbia - O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, desqualificou nessa quarta-feira (9/9) qualquer comparação entre o fluxo de colombianos para a Venezuela e o de africanos que chegam à Europa todo ano, referindo-se a recentes comentários do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
"O governo venezuelano agora está comparando a chegada de colombianos à Venezuela com o êxodo de africanos para a Europa. Isso é absurdo, que argumento tão ridículo", criticou Santos, em entrevista transmitida pela televisão. Com isso, ele rejeitou a acusação de Maduro sobre um suposto "êxodo humanitário em massa" de colombianos para seu país.
[SAIBAMAIS]"Que êxodo? Se houver muitos colombianos na Venezuela, como quatro, ou cinco milhões, que estão ali há muito tempo, mas não é que esteja tendo neste momento", acrescentou, falando da Casa de Nariño.
Santos lembrou que, há pelo menos três décadas, "muitos colombianos emigraram para a Venezuela buscando um futuro melhor", mas, agora, já não é "um país tranquilo, rico, com oportunidades para estrangeiros", como era no passado. "Hoje, são milhares os venezuelanos que vêm para a Colômbia (...) Muitos fogem da insegurança, do alto custo de vida, da escassez, e vêm em busca de liberdade, de respeito à individualidade, ao direito a ser e a pensar diferente, a discordar", insistiu. "A revolução bolivariana está se autodestruindo", completou.
Em 1; de setembro, Maduro denunciou que foi deflagrada uma "emergência humanitária" no país, fruto do "êxodo humanitário em massa da Colômbia para a Venezuela" desde a década de 1950, apenas comparável, segundo ele, ao êxodo de africanos e asiáticos para a Europa. Maduro estimou em cerca de 5,6 milhões o número de colombianos residentes na Venezuela.
A crise entre Colômbia e Venezuela começou em 19 de agosto, quando Caracas ordenou o fechamento de parte da fronteira de mais de 2.200 km que separa os dois países. A tensão aumentou quando ambos os países convocaram os respectivos embaixadores para consulta.
Desde então, cerca de 20.000 colombianos, entre deportados e os que fugiram por medo da deportação, retornaram da Venezuela, segundo a ONU.
Santos admitiu, nesta quarta-feira, a existência de violência e narcotráfico na fronteira, mas que não se trata de um problema exclusivo da Colômbia.
"Que o governo venezuelano investigue quem controla o contrabando de lá para cá", afirmou, insistindo "no diálogo e na diplomacia" para resolver a polêmica, mas sem "desrespeito", "insultos", "palhaçadas" e "mentiras".
"Quando nós abrimos a porta do diálogo, a resposta do presidente Maduro é fechar ainda mais a fronteira", criticou, referindo-se ao novo bloqueio limítrofe decidido na segunda-feira por Caracas e ao envio de 3.000 militares na zona.