[SAIBAMAIS]Os principais líderes das democracias ocidentais, especialmente o presidente americano, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, declinaram o convite ao desfile, assim como o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que estimula uma revisão da política pacifista do Japão, o que irrita o governo chinês.
O Japão, irritado com a retórica antijaponesa em torno do desfile, declarou nesta quinta-feira estar decepcionado pela falta de sinais de aproximação no discurso pronunciado pelo presidente chinês. "Tóquio havia pedido a Pequim para que garantisse que o acontecimento não fosse antijaponês e que contivesse elementos de aproximação entre Japão e China. É decepcionante que tais elementos não se encontrem no discurso de hoje do presidente Xi Jinping", declarou o porta-voz do governo nipônico, Yoshihide Suga.
O presidente russo, Vladimir Putin, compareceu e ficou ao lado de Xi Jinping, que visitou Moscou em maio para um desfile similar, que também não contou com a presença das autoridades ocidentais, uma consequência do conflito na Ucrânia. Com o governo de Xi Jinping, a China tenta afirmar-se com a modernização das Forças Armadas, o que provoca momentos de tensão com os vizinhos do Mar da China. John Delury, especialista em China da Universidade Yonsei de Seul, afirmou à AFP que a participação limitada de dirigentes estrangeiros nas celebrações chinesas é motivada pelo fato de ser um "acontecimento muito militarista e nacionalista".
Demonstração militar
Durante o desfile foram apresentados vários equipamentos, incluindo uma dezena de mísseis balísticos DF-21D, chamados de "assassinos de porta-aviões", segundo imagens exibidas pela televisão estatal. Este projétil provoca muitas especulações nos meios militares sobre sua capacidade de modificar a correlação de forças no Oceano Pacífico, área tradicional da 7; Frota americana. Mas uma porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying, afirmou que as tropas do país estão voltadas para a paz. "Quanto mais fortes, mais condições terão para garantir a paz mundial", disse.
O exército chinês atuou na guerra da Coreia (1950-1953) para salvar o regime de Pyongyang, depois contra a Índia (1962) e Vietnã (1979), antes de intervir contra a revolta pró-democracia de estudantes na Praça da Paz Celestial em 1989. Quase mil soldados estrangeiros, incluindo um destacamento russo, participaram do desfile.
A presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, cujo país foi colonizado pelo Japão, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, estavam entre os convidados. O único representante das grandes diplomacias ocidentais presente no desfile foi o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius.
A China organiza tradicionalmente um grande desfile militar a cada 10 anos, mas coincidindo com o aniversário de sua fundação, no dia 1; de outubro de 1949. O Japão invadiu a China em 1937, o que provocou uma guerra que terminou com entre 15 a 20 milhões de chineses mortos.