Jornal Correio Braziliense

Mundo

Estado Islâmico: ONU confirma destruição do templo de Bel em Palmira

"Podemos confirmar a destruição do principal prédio do templo de Bel, além de várias colunas em suas imediações"

Genebra, Suíça - Uma potente explosão na cidade antiga de Palmira, na Síria, destruiu nesta segunda-feira (31/8) o templo de Bel, o mais importante deste conjunto arqueológico patrimônio da Humanidade, confirmou a ONU baseada em imagens de satélites.

"Podemos confirmar a destruição do principal prédio do templo de Bel, além de várias colunas em suas imediações", informou o Instituto das Nações Unidas para Formação Profissional e Pesquisas (UNITAR), que comparou imagens obtidas antes e depois da forte explosão registrada nesta segunda-feira.

No dia 23 de agosto, os jihadistas do Estado Islâmico (EI) - que ocupam amplas regiões deste país em guerra civil - destruíram o templo de Baalshamin, o segundo mais importante de Palmira.

No domingo, o Observatório Sírio de Direitos humanos (OSDH) anunciou que o EI já havia explodido parte do templo de Bel.

Leia mais notícias em Mundo

O militante Mohamed Hassan al-Homsi em Palmira confirmou a destruição de parte do templo no domingo. "Utilizaram recipientes e barris repletos de explosivos, preparados com antecedência".

Na véspera, o diretor-geral de Antiguidades e Museus na Síria, Maamun Abdelkarim, revelou que os jihadistas do EI explodiram o pátio do templo", mas que a parte fechada e "a colunata frontal" estavam intactas".

O templo mais bonito


O templo de Bel, conhecido como a "pérola do deserto", era, sem dúvida, o mais impressionante de Palmira.

"Combina de forma única a arte oriental e a arte greco-romana. Ainda conserva todos os atributos dos templos antigos, o altar, as colunas. Junto ao templo de Baalbek no Líbano é o templo mais bonito do Oriente Médio", disse Abdelkarim no domingo, um dia antes de sua destruição.

Sua construção teve início no ano 32 d.C e levou mais de um século. Foi conquistado em maio pelo EI, um grupo que já destruiu várias joias arqueológicas no Iraque. Antes da guerra na Síria, milhares de turistas visitavam este templo todos os anos.

O EI considera as obras religiosas pré-islâmicas, principalmente as estátuas, como idolatria.

Além da destruição dos templos de Bel e de Baalshamin, algo considerado pela Unesco como como crime de guerra, os jihadistas do EI decapitaram em 18 de agosto o arqueólogo sírio Khaled al-Asaad, de 82 anos, diretor por 40 anos do parque arqueológico de Palmira.

EI se aproxima de Damasco

Em Damasco, eram registrados nesta segunda-feira confrontos entre o EI e rebeldes islâmicos, que se aproximavam pouco a pouco do centro da capital síria.

Ocorreram confrontos em Qadam, um bairro do sul da capital, onde o grupo jihadista tomou o controle de duas ruas neste fim de semana, segundo o OSDH.

"É o ponto mais próximo do coração da capital ao qual o EI chegou", disse o diretor desta ONG, Rami Abdel Rahman, que forneceu um balanço de 15 mortos no domingo em combates que obrigaram os civis a fugir.

Os jihadistas vieram de Hajar al-Aswad, um bairro vizinho, onde estão presentes desde julho de 2014.

Uma fonte de segurança síria confirmou que ocorreram combates nesta zona. "Estamos felizes que lutem entre eles, mas seguimos de perto a situação para reagir caso avancem em direção aos setores controlados pelo governo", disse esta fonte à AFP.

Em outras regiões do país, a Frente Al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda, e seus aliados islâmicos se aproximavam do povoado xiita de Fua, depois de terem tomado a localidade limítrofe de Sawaghiyé, na província de Idleb (noroeste). Dois civis e nove combatentes dos dois grupos morreram em combates nesta localidade, segundo o OSDH.

Fua, Kafraya - outra localidade xiita - e o aeroporto de Abu Duhur são os últimos três pontos ainda sob o controle do regime de Bashar al-Assad nesta província próxima à Turquia, nas mãos dos rebeldes.

Mais de 240.000 pessoas morreram desde o início do conflito sírio, em 2011, onde os combates opõem o regime, rebeldes, forças curdas e jihadistas em um território cada vez mais fragmentado.