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Grécia marca eleições legislativas antecipadas para 20 de setembro

"Foi assinado o decreto presidencial para a dissolução do Parlamento, a organização de eleições em 20 de setembro e a constituição do novo Parlamento em 1º de outubro", informou a agência

Atenas, Grécia - As eleições legislativas antecipadas na Grécia, a quinta votação em seis anos, estão programadas para 20 de setembro, segundo o decreto presidencial publicado nesta sexta-feira, com o partido de esquerda Syriza liderando as intenções de voto, apesar de conflitos internos.

O presidente da República, Prokopis Pavlopoulos, escolheu a dada proposta pelo líder do Syriza, Alexis Tsipras, conforme declarou quando se demitiu como primeiro-ministro na quinta-feira passada.

A oposição de direita e o novo partido Unidade Popular, formado pelos 25 deputados dissidentes do Syriza, desejavam que as eleições fossem adiadas em uma semana para que tivessem mais tempo para a campanha eleitoral.

A divulgação da data, que dá início à abertura oficial da campanha, veio pouco depois de a primeira-ministra interina, Vassiliki Thanou, inaugurar seu primeiro conselho de ministros.

Thanou disse que o peso de suas funções era grande porque além das eleições, o governo interino também deve gerenciar neste momento outros problemas, especialmente a questão da imigração.

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A Grécia, um país localizado na fronteira sudeste da União Europeia, recebeu só neste ano 160 mil migrantes.

Tsipras, que conta com sua reeleição graças a sua popularidade entre os gregos, apesar de conflitos dentro do partido, não esperou o anúncio oficial para iniciar a campanha.

Apesar da deserção de parte de seus deputados, o Syriza segue liderando as intenções de voto, segundo uma pesquisa feita para o jornal de esquerda Efimerida ton Syntakton e publicada nesta sexta-feira.

A informação mostra uma vantagem de 3,5 pontos percentuais sobre o direitista Nova Democracia, que obteria 19,6% dos votos, com o qual Tsipras já negou formar uma coligação.

O novo partido Unidade Popular, formada pelos desertores do Syriza e liderada pelo eurocético Panagiotis Lafazanis, conseguiria entrar no Parlamento, pois aparece com 3,5% das intenções, superando a barreira mínima de 3% dos votos.

Dos eleitores ouvidos, 25,5% se declararam indecisos.

Os gregos votarão de forma parecida pela terceira vez neste ano em que o país teve que aceitar mais austeridade em troca de um terceiro plano de ajuda de até 86 milhões de euros.

As novas medidas econômicas, dentre elas o aumento do IVA, foram exatamente o que motivou cisão do Syriza.

O líder da Unidade Popular, Lafazanis, repetiu nos últimos dias que não excluía a possibilidade da Grécia sair da zona do euro.

Tsipras espera que a renovação de 300 cadeiras do parlamento o permita reafirmar sua base.

A pasta das Finanças foi entregue a George Chouliarakis, principal negociador da Grécia para o terceiro plano de ajuda em Bruxelas.

O novo ministro ressaltou que "o objetivo principal" do governo interino é "não perder tempo".

"Temos que avançar para consolidar a economia grega o quanto antes (...) e restabelecer a confiança", afirmou.

Da mesma maneira, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, lembrou em uma carta dirigida à nova primeira-ministra grega "a necessidade de realizar reformas a tempo para garantir o êxito do programa" firmado entre Atenas e Bruxelas.

Esta eleição é a quinta em seis anos em um país duramente afetado pela crise, com uma taxa de desemprego superior a 25%.

Apesar das desavenças, Tsipras, que se tornou em janeiro o primeiro chefe de governo europeu procedente de um partido de esquerda radical, segue sendo muito popular entre os gregos, que valorizam muito sua permanência na zona do euro.

Nesses oito meses, o país viveu o fechamento dos bancos em junho, controles de capital e a celebração de um referendo, no dia 5 de julho, sobre as propostas europeias para ajudar a Grécia.

Na ocasião, 62% dos gregos se opuseram ao plano de ajuda europeu, porém apenas dez dias depois, Tsipras cedeu ante os credores para evitar um "Grexit" que, segundo o então dirigente, teria consequências catastróficas para a Grécia.