As investigações envolverão agora "a procedência das armas" em sua posse, "seu percurso", "as cumplicidades das quais gozou e suas fontes de financiamento", disse o procurador. El Khazzani foi transferido na tarde dessa terça-feira (25/8) ao palácio de justiça de Paris, onde chegou descalço e algemado, segundo imagens transmitidas pela televisão, para ser apresentado aos juízes.
Outros ataques
O presidente François Hollande, que pronunciou nessa terça-feira (25/8) um discurso ante os embaixadores da França reunidos em Paris, estimou que este atentado frustrado demonstra "que devemos nos preparar para outros ataques e, portanto, nos proteger". "Seguimos expostos e a agressão que ocorreu na sexta-feira poderia ter levado a um massacre monstruoso sem a valentia de vários passageiros, entre eles militares americanos", acrescentou.
Transferido no sábado (22/8), um dia após o ataque frustrado, aos gabinetes da polícia antiterrorista perto de Paris, o marroquino negou desde o início qualquer motivação terrorista, afirmando que queria simplesmente roubar os passageiros do trem. Suas afirmações não convenceram os investigadores, firmes em suas suspeitas após a análise de seu telefone celular, que permitiu descobrir que El Khazzani consultou um vídeo jihadista na sexta-feira antes de embarcar no Thalys.
As autoridades consideram que o ataque, ocorrido na tarde de sexta-feira (21/8) entre Bélgica e França, teria provocado um verdadeiro massacre sem a intervenção de vários passageiros, que neutralizaram Ayoub El Khazzani quando saía do banheiro do vagão com armas na mão.
Entre estes passageiros, três americanos, dois deles militares de férias, e um britânico, foram condecorados na segunda-feira pelo presidente Hollande. Outros dois passageiros, um francês e um franco-americano, e dois agentes da companhia ferroviária francesa também serão condecorados em breve por sua atuação. Um dos militares americanos, Spencer Stone, foi ferido com o estilete ao tentar controlar o agressor, e um passageiro franco-americano, Mark Moogalian, foi ferido a tiros e segue hospitalizado.
A polícia belga realizou na noite de segunda-feira (24/8) duas buscas em Bruxelas para tentar determinar os locais de estadia de Ayoub El Khazzani, indicou a procuradoria em um comunicado. Segundo o jornal La Derni;re Heure, as buscas foram realizadas na casa do suspeito e na de um amigo.
No início de 2014, os serviços de inteligência da Espanha, onde viveu por vários anos, informaram aos seus colegas franceses sua intenção de atravessar a fronteira. Na Espanha também foi condenado duas vezes por tráfico de drogas. Sua estadia na França está demonstrada, já que trabalhou em uma empresa de telefonia de fevereiro a abril de 2014, da qual foi demitido porque não tinha documentos que o autorizassem a trabalhar na França.
No dia 10 de maio de 2015, Ayoub El Khazzani foi visto em Berlim, de onde partiu à Turquia. Esta viagem levanta a questão de uma viagem às zonas da Síria sob o controle do grupo Estado Islâmico (EI). O procurador informou nesta terça-feira sobre seu retorno em junho passado a partir de uma cidade próxima à fronteira síria. Desde os sangrentos atentados jihadistas de janeiro em Paris (17 mortos), a França foi alvo de várias tentativas de ataques.