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Israel disposto a libertar palestino em greve de fome se ele aceitar deixar

O advogado do prisioneiro rejeitou a proposta feita durante audiência no Supremo Tribunal

O governo israelense disse estar disposto a libertar Mohammed Allan, o prisioneiro palestino em greve de fome que se tornou um símbolo da luta contra a detenção sem acusação, caso ele concorde em deixar o país. O advogado de Mohammed Allan imediatamente rejeitou a proposta feita durante uma audiência do Supremo Tribunal.

[SAIBAMAIS]O advogado havia pedido a libertação do prisioneiro por razões médicas. O tribunal decidiu se reunir novamente na quarta-feira (19/8) para discutir a questão. "O Estado está pronto para considerar (a) libertação (...) se ele concordar em ir para o exterior por um período de pelo menos quatro anos", declarou o Ministério da Justiça israelense em uma declaração durante a audiência. "Rejeitamos categoricamente esta proposta", disse à Agência France Presse seu advogado Jamil al-Khatib.



Allan, de 31 anos e apresentado pela Jihad Islâmica como um de seus membros, é um advogado de Nablus, na Cisjordânia ocupada. Ele está detido desde novembro de 2014. A Jihad Islâmica é designada por Israel como uma organização terrorista. Allan iniciou uma greve de fome em 18 de junho, para protestar contra sua detenção administrativa, uma medida extrajudicial renovável indefinidamente a cada seis meses que permite prender alguém sem julgamento ou acusação.

Ele entrou em coma na sexta-feira após ter ingerido apenas água sem suplemento e ter recusado qualquer tratamento. O destino de Allan, praticamente desconhecido há algumas semanas, mobiliza a opinião pública palestina. Desde que ele perdeu a consciência, médicos israelenses colocaram-no em respirador artificial e administraram água com minerais e vitaminas para mantê-lo vivo.

Um médico do hospital Ashkelon, onde esta internado, afirmou à justiça que ele não parecia ter sofrido danos irreparáveis, mas que provavelmente não sobreviveria se retomasse sua greve de fome. "Ele sucumbirá rapidamente", disse o médico.

O caso de Allan tem um significado especial na perspectiva de um novo contexto legal. O Parlamento israelense aprovou uma lei no final de julho que autoriza a alimentação forçada de prisioneiros em greve de fome caso sua vida esteja ameaçada. O governo de Israel pode ter que decidir se Allan será o primeiro a receber esse tratamento controverso.