A representante da ONU no Haiti, Sandra Honoré, convidou os haitianos a ter maior participação no processo eleitoral do país, apesar dos incidentes do primeiro turno das eleições legislativas de 9 de agosto.
Duas pessoas morreram no domingo passado durante o primeiro turno das eleições legislativas, marcadas por incidente violentos que provocaram o fechamento antecipado de dezenas de postos eleitorais, segundo informaram partidos políticos.
Em uma entrevista à AFP, a chefe da Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti (Minustah) denunciou o comportamento das pessoas que atacaram os postos de votação e impediram que a eleição acontecesse em boas condições.
"Se tiver que impor sua postura pela força ou com violência, quer dizer que sua postura é uma postura frágil", afirmou.
A maioria dos partidos políticos pede a criação de uma comissão mista para avaliar a incidência da violência no processo eleitoral. Alguns inclusive pedem que a votação seja anulada.
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Sandra Honoré, que dirige a missão da ONU no Haiti desde julho de 2013, convidou a população a "apresentar suas observações de uma maneira pacífica e utilizar as vias legais como prevê o decreto eleitoral".
A diplomata, originária de Trinidad e Tobago, reconhece que em muitas escolas que haviam sido transformadas em centros de votação para este dias o espaço era um pouco limitado.
"O Conselho Eleitoral Provisório (CEP) terá que rever a disposição dos centros de votação para poder assegurar aos eleitores um pouco mais de facilidade no momento de exercer seu direito democrático", informou.
O Haiti convocou para o dia 9 de agosto as primeiras eleições legislativas desde 2011, mas a votação foi marcada por inúmeros incidentes, às vezes violentos, atrasos na reabertura dos locais de votação e uma baixa participação.
Com quatro anos de atraso a respeito do momento em que deveriam ser convocadas as eleições, os 5,8 milhões de eleitores, em uma população de cerca de 10,3 milhões, foram convocados para eleger novos deputados e renovar dois terços do Senado.
Com esta votação o Haiti deu início a um longo processo eleitoral que será concluído em dezembro com o segundo turno das presidenciais.
Embora as três quartas partes das eleições sejam financiadas pela comunidade internacional, a chefe da Minustah assegurou que não há interferência estrangeira no processo.
"O CEP faz e assume seu papel constitucional para organizar as eleições e a polícia nacional para a segurança no período eleitoral, com o apoio das Nações Unidas. E coloco ênfase na palavra ;apoio;", declarou.
"A população haitiana pode apresentar suas exigências para que sua voz seja escutada e para que sua voz conte", concluiu Honoré ao aconselhar a população a votar apesar das dificuldades que foram registradas no domingo passado.