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Ilhas gregas atingem seus limites ante chegada em massa de migrantes

A tensão é grande nos últimos dias entre migrantes e policiais, segundo Kyritsis, mas reforços já chegaram para agilizar o serviço de Imigração e liberar a partida dos refugiados

A ilha grega de Kos, pressionada como todo o leste do Mar Egeu pelo afluxo de refugiados que fogem da Síria e Afeganistão, espera ações rápidas da Europa e do governo para lidar com uma crise que já dura vários meses. [SAIBAMAIS]Aproveitando uma reunião de emergência sobre a questão migratória organizada nesta quinta-feira (13/8) em Atenas entre o governo grego e o comissário europeu para os Assuntos Internos Dimitris Avramopoulos, o prefeito de Kos, Giorgos Kiritsis, cobrou "medidas extraordinárias para uma situação extraordinária". Em uma declaração por escrito, insta a UE a aumentar a sua ajuda financeira "para resolver o problema de Kos e de outras ilhas gregas". Todas as ilhas do leste do Mar Egeu, nas quais atracam diariamente dezenas de barcos lotados, registraram desde o início do ano um crescimento constante nas chegadas: de 1.700 pessoas em janeiro para 31.000 em junho e 50.000 em julho, de acordo com dados do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) em Atenas. Na semana passada, 1.900 chegadas de homens, mulheres e crianças foram registradas na costa do Mar Egeu, de acordo com o Acnur. Em Kos, que tem uma população de cerca de 33.000 habitantes, cerca de 7.000 migrantes estavam bloqueados no início desta semana devido a sobrecarga de trabalho da polícia responsável por emitir vistos para prosseguirem viagem para outros países de Europa onde desejam requerer asilo. A tensão é grande nos últimos dias entre migrantes e policiais, segundo Kyritsis, mas reforços já chegaram para agilizar o serviço de Imigração e liberar a partida dos refugiados, essencialmente sírios e afegãos. Condições infernais As forças policiais também foram enviadas para ajudar depois dos confrontos esta semana entre agentes locais e migrantes que precisaram esperar várias horas no sol para obter os documentos necessários. "Todas as ilhas gregas sofrem com a falta de pessoal e de equipamento para assegurar os procedimentos administrativos necessários", explicou Giorgos Tsarbopoulos, chefe do escritório do Acnur na Grécia. A cadeia de ilhas que vai de Lesbos (norte), onde chegou o maior número de refugiados nos últimos meses, a Kos (sul), passando por Chios, Samos, Leros, Kalymnos, estão na linha de frente das chegadas a partir da costa turca, visível a olho nu. Em todas as partes, as autoridades locais, apoiadas por associações de voluntários, estão nos limites das suas capacidades, mas a diferença de uma ilha para a outra também se dá "de acordo com a qualidade da organização e coordenação entre prefeitura, polícia, voluntários, e a presença de estruturas de acolhimento", segundo Giorgos Tsarbopoulos. Kos não dispõe de um local de recepção e alojamento dos migrantes, que acampam nas ruas, praças, docas e num hotel abandonado, em condições sanitárias deploráveis. Em Chios, Samos, Lesbos, campos de retenção foram transformados em abrigos e acampamentos foram instalados em terrenos disponíveis. Um navio-hotel disponibilizado pelo governo grego e que pode acolher 2.500 pessoas é esperado nas próximas horas em Kos. Cerca de 124 mil migrantes chegaram na Grécia desde o início do ano, uma proporção comparável à das chegadas registadas na Itália a partir de Líbia. O caminho para chegar à Europa pela Grécia é muito mais curto do que pela Itália, e as embarcações utilizadas um pouco menos perigosas. Assim, de acordo com o Instituto Internacional das Migrações, 1.930 pessoas morreram neste ano tentando chegar à Europa pela Itália contra 60 que optaram por entrar pela Grécia.