Kos, Grécia - A Grécia mobilizou, nesta quarta-feira (12/8), reforços policiais na ilha de Kos, no mar Egeu, sobrecarregada pela chegada de mais de sete mil imigrantes e refugiados, em sua maioria originários da Síria e do Afeganistão, com a finalidade de evitar incidentes.
Quarenta policiais das forças antidistúrbios gregas (MAT) chegaram no dia seguinte ao pedido de ajuda lançado pelo prefeito da ilha, que advertiu haver "risco de derramamento de sangue".
"Dois esquadrões do MAT, ou seja, quarenta oficiais, chegaram a Kos. Também serão enviados reforços às outras ilhas do leste do mar Egeu", informou à AFP um porta-voz da polícia.
Uma embarcação com capacidade de abrigar até 2.500 pessoas será enviado a Kos "imediatamente" para servir de alojamento e centro de processamento, segundo o governo grego, até agora muito criticado por sua passividade.
Além disso, o comissário europeu para a Migração e Assuntos Internos, Dimitris Avramopoulos, presidirá na quinta-feira na Grécia uma reunião de urgência, segundo anunciou em sua conta no Twitter.
A imprensa noticiava o envio de um total de 250 homens adicionais para apoiar as forças locais nas ilhas localizadas na primeira linha, diante da crescente afluência de migrantes vindos da vizinha Turquia.
O prefeito de Kos, Giorgos Kiritsis, informou à AFP que a situação "havia se acalmado" nesta quarta-feira após os incidentes ocorridos na véspera, apesar de continuar "tensa", devido ao grande número de pessoas à espera de serem registradas pelas autoridades. Mais de 7.000 homens, mulheres e crianças chegaram nesta ilha de 33.000 habitantes.
Na terça-feira, agentes da polícia tentaram controlar a golpes de bastão e com extintores de incêndio uma verdadeira avalanche de centenas destes migrantes, que tentavam obter o "salvo-conduto" que lhes permitiria continuar sua viagem até a capital Atenas ou, inclusive, outros países.
Leia mais notícias em Mundo
Na véspera, um agente foi suspenso de suas funções após ter sido filmado agredindo um migrante que havia se aproximado demais a um posto policial local.
"Desde o começo da semana, agentes do serviço de Imigração estão prestando reforço em Kos para acelerar os trâmites administrativos. Esperamos que de agora até sexta-feira a maioria dos migrantes em espera tenham conseguido se registrar e deixar a ilha", explicou Kiritsis.
O estádio e o ginásio da cidade foram os locais destinados para esses processos, paralelamente com a delegacia de polícia. Foi no exterior do estádio onde ocorreram os incidentes de terça-feira.
A maioria dos migrantes mudaram seu acampamento improvisado, desmontando as tendas que ocupavam as ruas do porto da ilha, uma cidade muito turística que não dispões de estruturas adequadas para acolher refugiados.
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) acusou as autoridades gregas de não tentarem instalar infraestruturas apropriadas para receber os refugiados, depois de estas reconhecerem sua responsabilidade nos casos de maus-tratos.
Segundo o MSF, o estádio da cidade "necessita de instalações sanitárias, sombra e abrigo", afirmando que os migrantes são "expulsos de um lugar para outro".
"Estamos vendo a ineficácia do Estado. A continuação dos abusos do Estado, com a polícia utilizando cada vez mais a força contra essas pessoas vulneráveis", declarou o diretor de operações do MSF, Brice de la Vigne.
Em outra parte do Mediterrâneo, os migrantes resgatados na terça-feira em uma embarcação semi-naufragada em frente à Líbia afirmaram que cerca de 60 haviam desaparecido, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), que falou com os sobreviventes em sua chegada à ilha italiana de Lampedusa.
Segundo as primeiras informações fornecidas pelos resgatados, havia entre 117 e 120 pessoas na embarcação, todas originárias da África subsaariana (Gana, Mali, Nigéria, Camarões...).
Os serviços espanhóis de resgate no mar anunciaram, na madrugada desta quarta-feira em sua conta do Twitter, que "13 homens de origem magrebina" foram resgatados quando navegavam em uma embarcação precária no Mediterrâneo, em frente à costa do porto pesqueiro de Carboneras (Andaluzia, sul da Espanha).
Paralelamente, traficantes de seres humanos foram detidos na Alemanha e na Espanha.
Na Espanha, doze traficantes foram presos ao mesmo tempo que 85 migrantes albaneses, aos quais haviam facilitado documentos falsos de identidade para entrar ilegalmente no Reino Unido, por avião, anunciou a direção da Polícia Nacional espanhola.
Na Alemanha, o detido nesta quarta-feira se trata de um sírio suspeito de integrar a tripulação do "Blue Sky M", um velho navio cargueiro que chegou à Itália repleto de migrantes no final de dezembro, segundo investigadores peninsulares.