Jerusalém - Os serviços de segurança israelenses anunciaram nesta segunda-feira (3/8) a detenção de um líder judeu extremista, Meir Ettinger, primeiro indivíduo a ser preso após o incêndio criminoso que matou um bebê palestino na sexta-feira, na Cisjordânia ocupada.
"Meir Ettinger foi preso em Safed (no norte de Israel) em razão de suas atividades dentro de uma organização judaica extremista", disse à AFP um porta-voz do Shin Bet, o serviço de segurança interna.
Meir Ettinger, que tem cerca de 20 anos, foi preso "por crimes nacionalistas", informou à AFP uma porta-voz da Polícia, que não especificou se ele era suspeito de estar diretamente envolvido no incêndio de sexta-feira.
Ele deve se apresentar ante um tribunal nesta terça, completou a Polícia.
Segundo a imprensa israelense, ele seria suspeito de ser o cérebro de um pequeno grupo responsável pelo incêndio em 18 de junho da Igreja da Multiplicação, às margens do lago Tiberíades, uma Meca do cristianismo.
Meir Ettinger é o neto de Meir Kahane, um rabino que fundou o movimento racista antiárabe Kach, assassinado em 1990 em Nova York. Ele havia sido proibido no início de 2015 ano de entrar na Cisjordânia pelo período de um ano, assim como em Jerusalém, "em razão de suas atividades", relatou o Shin Beth.
Ainda de acordo com a imprensa local, ele pode ser colocado em detenção administrativa por vários meses, em função do endurecimento da política anunciada pelo governo contra os "terroristas judeus".
A detenção administrativa, comumente utilizada contra palestinos, pode agora ser aplicada a judeus, caso as provas reunidas contra os suspeitos não sejam suficientes para justificar o início de um processo judicial, ou se eles se recusarem a falar durante os interrogatórios.
Nos últimos dias, Meir Ettinger negou, em seu blog, a existência de uma "rede clandestina judaica" e justificou o ataque contra o "pecado" que representa, segundo ele, a existência de igrejas e mesquitas qualificadas como "lugares de culto pagão".
A Polícia israelense também abriu uma investigação sobre as ameaças postadas nas redes sociais contra o presidente Reuven Rivlin, que condenou o "terrorismo judeu", anunciou seu porta-voz nesta segunda-feira.
No mesmo dia do ataque contra a família palestina, Rivlin publicou em sua página do Facebook um texto em árabe e em hebraico, intitulado "mais do que vergonha, sinto dor".
"A dor do assassinato de um bebê, a dor de ver meu povo escolher o caminho do terrorismo e perder sua humanidade", escreveu ele, enquanto os pais e o irmão do bebê Ali Dawabcheh, de 18 meses, permanecem em estado crítico após o ataque mortal.
Em meio a esse clima de violência, o procurador anunciou a abertura de um inquérito judicial após a publicação de dois vídeos no YouTube. Neles, o presidente Rivlin e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aparecem vestindo uniformes nazistas e falando em alemão com a voz de Hitler.
Além disso, uma adolescente esfaqueada por um fanático judeu durante a Parada do Orgulho Gay em Jerusalém, falecida no domingo, foi sepultada nesta segunda-feira no kibbutz (aldeia coletivista) de Naasson, a oeste de Jerusalém.
Yashai Shlissel, um ultraortodoxo, atacou na quinta-feira à noite participantes da parada. Feriu seis pessoas, incluindo Shira Banki, de 16 anos.
E, nesta segunda à noite, um israelense foi gravemente ferido pela explosão de um coquetel molotov atirado contra seu carro em Beit Hanin, um bairro palestino de Jerusalém Oriental, revelou a Polícia.