Lahore, Paquistão - O chefe do principal grupo armado islamita antixiita do Paquistão, acusado de muitos atentados fatais no país nos últimos anos, morreu em um tiroteio com a polícia junto aos seus principais subordinados. Malik Ishaq, de 55 anos, era o influente líder da Lashkar-e-Jhangvi (LeJ), grupo próximo à Al-Qaeda, que atacava a minoria xiita do Paquistão (20% da população) por considerá-la traidora do Islã. Ishaq estava incluído na lista das personalidades consideradas terroristas pelo governo dos Estados Unidos.
[SAIBAMAIS]A morte de Malik Ishaq junto a 13 membros de seu grupo, entre eles dois de seus filhos, foi anunciada na manhã desta quarta-feira (29/7) pela polícia e pelas autoridades da província de Punjab (leste), berço da LeJ. Ishaq, que havia sido detido no sábado pela polícia, morreu nos arredores da cidade de Muzaffargarh quando seus partidários tentavam libertá-lo durante uma transferência no âmbito de uma investigação sobre seu grupo, segundo as autoridades locais.
Os membros de seu grupo abriram fogo e a polícia respondeu. Malik Ishaq, seus dois filhos e outros 11 de seus seguidores morreram, enquanto seis policiais ficaram feridos, explicou à AFP um funcionário policial que atuou na operação, que pediu o anonimato. A polícia havia detido o líder do LeJ e seus dois filhos no sábado, disse a fonte. O chefe médico do hospital público do distrito de Muzaffargarh confirmou à AFP ter recebido 14 cadáveres após este incidente.
Além de Ishaq, uma grande parte do comando superior do LeJ morreu no confronto, que ocorreu às 03h00 locais (19h00 de Brasília), indicaram várias fontes policiais. Ishaq e seus dois filhos haviam sido detidos acusados de "dirigir um importante grupo de assassinos de aluguel que matou dezenas de pessoas na província". "Este grupo também estava vinculado à Al-Qaeda e ao movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), o principal grupo rebelde islamita do país, disse à AFP um funcionário policial.
Em dezembro passado, após a morte de mais de 130 adolescentes em uma escola atacada por um comando talibã em Peshawar (noroeste), o governo paquistanês, acusado com frequência de tolerância com os grupos extremistas sunitas, anunciou que iria ser implacável com os grupos armados islamitas. Desde então, as autoridades anunciam regularmente a morte de rebeldes, criminosos ou outros em tiroteios provocados por estes últimos, mas os defensores dos direitos humanos denunciam a montagem destes confrontos para dissimular execuções extrajudiciais.
Nesta quarta-feira (29/7), as autoridades paquistanesas davam versões diferentes do tiroteio. Segundo uma fonte, o tiroteio ocorreu quando Ishaq e os outros prisioneiros eram transferidos pela polícia para identificar integrantes do LeJ. Por sua vez, outra fonte disse que o tiroteio ocorreu quando o comboio policial voltava de uma operação de captura de armas. No relatório da polícia, citado pela segunda fonte, Malik Ishaq e seus parentes morreram sob as balas de criminosos, dos quais cinco morreram e os outros fugiram.
Até o momento, o grupo LeJ não havia reagido ao anúncio da morte de Ishaq, um homem carismático perante seus homens, cativados por ele com uma fanática retórica antixiita. O LeJ reivindicou vários dos atentados mais sangrentos da história recente do Paquistão, entre eles dois que causaram no total a morte de 200 xiitas hazaras em Quetta, capital do Baluchistão, em 2013. Segundo várias fontes, o LeJ enviou nos últimos anos dezenas de combatentes ao Iraque e à Síria para se integrar às fileiras do grupo Estado Islâmico (EI).