O presidente Barack Obama aterrissou neste domingo na Etiópia, onde realizará uma visita de dois dias, convertendo-se no primeiro presidente americano em exercício a visitar o segundo país mais populoso da África.
O Air Force One pousou no aeroporto internacional de Adis Abeba após um breve voo procedente do Quênia, primeira etapa de sua viagem africana. O presidente americano foi recebido na pista pelo primeiro-ministro etíope Hailemariam Desalegn e sua esposa.
A visita incluirá negociações com o governo etíope, um aliado estratégico chave dos Estados Unidos, mas criticado no âmbito do respeito à democracia e aos direitos humanos.
Obama também se tornará o primeiro presidente dos Estados Unidos a dar um discurso na sede da União Africana (UA), um bloco formado por 54 Estados africanos. Além disso, se reunirá com líderes regionais sobre a guerra civil no Sudão do Sul.
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A presidente da Comissão da União Africana (UA), a sul-africana Nkosazana Dlamini-Zuma, considerou esta visita "histórica" e "um passo concreto para ampliar a aprofundar as relações entre a UA e os Estados Unidos".
Como no Quênia, sua visita se centrará na luta contra o terrorismo. Adis Abeba, assim como Nairóbi, estiveram na linha de frente da luta contra os insurgentes somalis shebab, filiados à Al-Qaeda.
As duas nações têm tropas na Somália como parte de uma missão da UA, apoiada pelos Estados Unidos.
Mas sua visita também ocorre dois meses depois de eleições nas quais a coalizão governante do primeiro-ministro etíope ganhou cada um dos 546 assentos no Parlamento.
A oposição, que perdeu seu único assento, alega que o governo utilizou táticas autoritárias para garantir a vitória.
O próprio Departamento de Estado americano falava em seu relatório anual sobre a Etiópia, publicado em junho, sobre "restrições à liberdade de expressão", "perseguição e intimidação de membros da oposição e jornalistas" e "julgamentos políticos".
"Não queremos que esta visita seja utilizada para apagar as violações dos direitos humanos por parte das autoridades e que a transformem em uma recompensa. Encorajamos Barack Obama a falar dos direitos humanos", convocou Abdulahi Halaje, da Anistia Internacional.
Cúpula sobre Sudão do Sul
Na segunda-feira, Obama celebrará uma mini cúpula sobre o Sudão do Sul, devastado por 19 meses de um conflito civil que deixou dezenas de milhares de mortos.
Participarão os líderes de Etiópia, Quênia e Uganda, assim como o ministro sudanês das Relações Exteriores, Ibrahim Ghandur.
Obama tentará conseguir o apoio do continente para tomar ações duras se os dois beligerantes sul-sudaneses não respeitarem um ultimato para assinar a paz no país mais jovem do mundo até 17 de agosto.
Na terça-feira, Obama fará um discurso na sede da União Africana, onde poderá se dirigir a todo o continente e seguir com os compromissos assumidos na cúpula EUA-África de agosto de 2014.
Num momento em que a África é palco de várias crises de Burundi a Sudão do Sul, passando pela República Centro-Africana, os atores da sociedade civil esperam que Obama pressione a UA a se envolver mais no respeito à democracia.
Com exceção de alguns retratos e bandeiras dos Estados Unidos na estrada que leva ao aeroporto, a capital etíope não mostrava sinais da "Obamania" que se apoderou do Quênia durante sua visita.
A visita de Obama ao Quênia, país onde seu pai nasceu, se centrou em temas econômicos e de segurança, assim como nos direitos humanos.