Ancara, Turquia - A polícia da Turquia identificou nesta quarta-feira (22/7) um jovem turco como o autor do atentado suicida de segunda-feira (20/7) em Suruc (sul), atribuído ao Estado Islâmico (EI), ao mesmo tempo em que o governo examinava novas medidas de segurança para reforçar sua fronteira com a Síria.
[SAIBAMAIS]Apenas dois dias após o ataque que deixou 32 mortos e uma centena de feridos, os investigadores estabeleceram que o suicida que detonou seus explosivos nesta localidade próxima à Síria era um homem de 20 anos originário do sudeste da Turquia. "Confirmamos com base em análises genéticas praticadas que o autor do ataque é um homem de 20 anos originário de Adiyamán", declarou à AFP um responsável turco sob anonimato.
O jovem, identificado com as iniciais S.A.A, se uniu às fileiras do EI há dois meses, indicou a imprensa turca. Segundo as autoridades, detonou seus explosivos na segunda-feira ao meio-dia nos jardins do centro cultural de Suruc (sul) em meio a um grupo de jovens partidários da causa curda que queriam participar da reconstrução de Kobane.
Esta cidade síria, situada do outro lado da fronteira, ficou devastada durante uma batalha em janeiro que terminou com a vitória dos curdos sírios sobre o EI.
Este é o atentado mais grave cometido na Turquia desde 2013. Se sua autoria for confirmada, este será o primeiro ataque suicida realizado pelo grupo extremista EI em solo turco. Segundo a imprensa local, as autoridades turcas investigam o possível vínculo entre o ataque em Suruc e outro atentado que deixou quatro mortos e dezenas de feridos durante uma reunião pública do principal partido curdo, no dia 5 de junho em Diyarbakir (sudeste).
Proibição no Twitter
Paralelamente, um juiz turco proibiu hoje, a pedido do governo, a difusão na internet de fotografias que as testemunhas tiraram logo depois da explosão e que foram amplamente compartilhadas nas redes sociais nos dois últimos dias. Esta medida reavivou o temor entre os internautas de que o governo islamita-conservador turco volte a bloquear a rede social Twitter, como já ocorreu em outras ocasiões.
Esta medida reavivou o temor entre os internautas de que o governo islamita-conservador turco volte a bloquear a rede social Twitter, como já ocorreu em outras ocasiões.
O primeiro-ministro do país, Ahmed Davutoglu, deve presidir na tarde desta quarta-feira um conselho de ministros extraordinário para, segundo suas palavras, estudar um novo plano de ação antiterrorista destinado, sobretudo, a reforçar a vigilância de sua fronteira com a Síria e evitar a ação dos movimentos jihadistas no local.
A reunião também coincide com a descoberta nesta quarta-feira de dois policiais mortos baleados em outra localidade fronteiriça com a Síria, Ceylanpinar (sudoeste)."Ainda não sabemos se tem um vínculo com o terrorismo", declarou à imprensa o governador local, Izzetin Kuçuk, ante o temor de que ocorram novos ataques.
Estes assassinatos foram reivindicados horas mais tarde pelo Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), e foram praticados em represália pelo atentado suicida de segunda-feira. O ataque ocorreu "em represália pelo massacre de Suruc", no qual 32 pessoas morreram, a maioria jovens pró-curdos, escreveu em seu site o braço armado do PKK, em conflito com o governo de Ancara desde 1984.
Os opositores do governo turco acusam o executivo há dois dias de ter uma parcela de responsabilidade nos acontecimentos de Suruc por não ter avaliado da forma devida o risco jihadista. Alguns, inclusive, o acusam de cumplicidade com o EI.
Embora forme parte da coalizão antijihadista, a Turquia não agiu até o momento contra o EI e rejeitou atuar, especialmente, em apoio às milícias curdas da Síria. "O atual governo sempre combateu até o momento o terrorismo e nunca fará compromissos com ele", insistiu Davutoglu na noite de terça-feira no Twitter.