Jerusalém - O secretário americano de Defesa, Ashton Carter, se reuniu nesta terça-feira (21/7) em Jerusalém com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para tentar acalmar as inquietações de Israel sobre o acordo nuclear pactado com o Irã, ao qual o primeiro-ministro israelense nega-se a se resignar. Os dois responsáveis se cumprimentaram com um longo aperto de mãos antes de iniciar a reunião, sem fazer nenhuma declaração.
Influenciar os americanos
"Israel não pode dizer isso tão claramente, mas não pode cooperar no que se refere às compensações antes da votação do acordo nuclear no Congresso americano", considerou Eytan Gilboa, professor de Ciência Política na universidade de Bar-Ilan, perto de Tel Aviv, e especialista em relações israelenses-americanas.
O Congresso americano tem 60 dias a partir de segunda-feira para se pronunciar e Benjamin Netanyahu, que conta com muitos aliados entre os republicanos, multiplicou os apelos para que estes últimos rejeitem o pacto, inclusive com várias entrevistas concedidas a televisões americanas.
A vice-ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Hotovely, repetiu nesta terça-feira que Israel não se resigna ao acordo, um dia após a aprovação do mesmo por parte do Conselho de Segurança da ONU, cujos membros permanentes (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido), junto à Alemanha, assinaram o pacto com o Irã na semana passada em Viena. "Este acordo é ruim e vamos seguir lutando para mudar as coisas", declarou Hotovely ante a comissão parlamentar de Relações Exteriores e Defesa.
"Não devemos pensar que nosso combate é inútil, devemos seguir influenciando os americanos e evitar o levantamento das sanções", acrescentou. "No dia de hoje Israel quer que o Congresso vote contra o acordo ou contra muitas cláusulas do acordo (...) Mas é provável que o acordo seja aprovado e nesse momento começarão as discussões sobre todo tipo de compensações", disse Eytan Gilboa.
Atualmente, os Estados Unidos fornecem a Israel anualmente 3 bilhões de ajuda militar, sem contar o financiamento de outros projetos, como o sistema de defesa antimísseis Iron Dome. A assinatura do acordo com o Irã obrigará Washington a aumentar seu apoio militar a Israel, mas também seus aliados árabes da região, considerou Gilboa. "É problemático porque os Estados Unidos iniciarão desta maneira uma corrida armamentista convencional de uma magnitude sem precedentes há ao menos duas décadas", ressaltou.