Operações contra os jihadistas
O atentado suicida ocorre há poucas semanas do reforço pelas autoridades turcas de sua presença militar na fronteira com a Síria, após a vitória das milícias curdas na batalha pelo controle de uma outra cidade fronteiriça, Tall Abyad. De acordo com analistas, esta decisão do governo islâmico-conservador turco é destinada tanto para combater o grupo EI, mas também para bloquear o avanço no norte da Síria das forças curdas, que são próximas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que conduz desde 1984 uma rebelião contra Ancara.
Os países ocidentais criticam regularmente o governo de Ancara por sua neutralidade ou complacência vis-à-vis as organizações radicais em guerra contra o regime do presidente sírio Bashar al-Assad, incluindo o EI. A Turquia sempre negou as acusações, mas tem se recusado a participar da coalizão militar antijihadista liderada pelos Estados Unidos. Mas, após as críticas de seus aliados, passou a aumentar a segurança nos aeroportos e nas suas fronteiras para impedir o trânsito pelo seu território de recrutas estrangeiros do EI em rota para a Síria. Também realizou nas últimas semanas várias operações policiais para desmantelar as redes de jihadistas que passam por seu território.
O ataque de Suruc ocorre num momento em que as associações turcas da esquerda estavam prestes a anunciar a sua intenção de atravessar a fronteira para chegar ao Kobane. Este grupo reside no centro cultural de Suruc alvo do ataque. A cidade de Suruc recebe milhares de refugiados curdos da Síria que deixaram a região de Kobane durante a ofensiva lançada pelo EI em setembro.
Este ataque e os violentos combates que se seguiram causaram o êxodo de cerca de 200 mil pessoas para a vizinha Turquia. Segundo as autoridades locais turcas, apenas cerca de 35 mil sírios retornaram para casa desde o fim da batalha. No final de junho, o EI realizou um ataque surpresa em Kobane, marcando seu retorno ao centro da cidade por três atentados suicidas. Os combates resultaram na morte de mais de 120 civis. Depois de alguns dias, as milícias curdas retomaram o controle total da cidade.