Panamá, Panamá - A América Latina e a região do Caribe conseguiram parar a epidemia de aids nos últimos 15 anos, mas a um ritmo mais lento do que a média mundial, de modo que deve "redobrar os esforços" para o acesso ao tratamento e no combate à discriminação - disseram nesta terça-feira as Nações Unidas.
"A América Latina conseguiu fazer uma contenção da epidemia. Retardou o progresso do HIV (vírus da imunodeficiência humana, que causa a aids), conseguiu desacelerá-lo. Obviamente, a doença continua a progredir, mas não como antes" afirmou à AFP Cesar Núñez, diretor da Unaids para a região.
De acordo com o relatório da Unaids anual apresentado nesta terça-feira pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, na Conferência Internacional sobre Financiamento para o desenvolvimento, realizada em Adis Abeba, na América Latina as novas infecções por HIV/aids tiveram uma queda de 13% entre 2000 e 2014.
No entanto, no Caribe, esse percentual é de 52%, de modo que a região "conseguiu reverter a epidemia e está bem no seu caminho", disse Núñez.
A América Latina passou de 100.000 novos casos da doença em 2000 para 87.000 em 2014, enquanto no Caribe este número caiu de 27.000 para 13.000 no mesmo período.
Em 2014, 1,7 milhões de pessoas estavam vivendo com HIV na América Latina e 280.000 no Caribe, enquanto 41.000 latino-americanos e 8 mil caribenhos (metade no Haiti) morreram de doenças relacionadas a aids.
Brasil, México, Venezuela, Colômbia e Argentina representam 75% da população com HIV na América Latina, de acordo com a Unaids.
De acordo com Núñez, o progresso na luta contra a doença é devido à alta cobertura de tratamento, e que, em média, 47% das pessoas infectadas na América Latina e 44% no Caribe tem acesso aos medicamentos - as taxas mais elevadas do mundo.
No entanto, a diminuição de 13% no número de novas infecções desde 2000 está abaixo da média mundial, que ostenta uma redução de 35,5% entre 2000 e 2014.
Portanto, de acordo com Núñez, deve "se investir o dobro" na prevenção e no acesso a medicamentos anti-retrovirais para conseguir uma diminuição significativa de novas infecções.
"O estigma e a discriminação continuam nos afetando como uma barreira que nos impede de alcançar uma resposta à aids de forma mais eficaz", alertou, já que por causa do medo muitas pessoas não fazem o teste ou não procuram tratamento.
De acordo com ele, em alguns países há também que se verificar se eles os recursos da aids estão sendo investidos da maneira mais eficiente e nas comunidades que mais necessitam.
"O vírus quer avançar. Devemos redobrar nossos esforços para chegarmos à meta", pediu Núñez.