Adnane, 37 anos, estava preso há um ano no regime de detenção administrativa, que permite uma reclusão por períodos de seis anos renováveis de maneira indefinida. A saúde de Adnane provocava muita preocupação nos territórios palestinos.
O palestino interrompeu a greve de fome no fim de junho, depois de um acordo entre seu advogado e as autoridades penitenciárias israelenses e foi transferido a um hospital. Adnane foi detido pouco depois do sequestro e assassinato de três jovens israelenses, crimes que provocaram centenas de detenções de palestinos na Cisjordânia ocupada.
Em 2012, ele permaneceu 66 dias em greve de fome - tomou apenas vitaminas e sal - para denunciar sua detenção e foi libertado. Na segunda greve de fome, o palestino apenas bebeu água.
[SAIBAMAIS]
O governo palestino advertiu que responsabilizaria Israel pelo destino de Khader Adnane, quando o governo israelense retomou em junho o processo para aprovar uma lei que autorizaria a alimentação à força dos detentos quando eles colocam as próprias vidas em risco.
Manifestações de apoio dos movimentos palestinos foram convocadas nas últimas semanas na Cisjordânia e Gaza. A Autoridade Palestina enviou recentemente um relatório ao Tribunal Penal Internacional sobre o tratamento reservado aos presos palestinos nas penitenciárias israelenses.
Atualmente, dos 5.686 prisioneiros palestinos em prisões israelenses, 379 se encontram em detenção administrativa, segundo cifras israelenses. Adnane chegou neste domingo a Arraba, sua aldeia do norte da Cisjordânia ocupada, perto de Jenin, e foi recebido com honras.
Dezenas de pessoas usando camisetas com sua foto festejaram sua chegada, ao som de fogos de artifício e canções transmitidas por altos-falantes. Em um comunicado, a Jihad Islâmica felicitou Adnan "por sua vitória frente aos carcereiros" e afirmou que "a batalha contra o inimigo continua".
A greve de fome não é um recurso novo entre os prisioneiros palestinos. Em 2012, quase 2.000 presos recorreram a ela para denunciar a detenção administrativa. Há um ano, 80 prisioneiros foram hospitalizados depois de se negar a se alimentar durante cinco semanas.
As autoridades palestinas afirmaram na ocasião que temiam pela vida dos 300 presos que participavam deste movimento. Em resposta, o parlamento israelense votou um projeto de lei que autorizava a alimentação forçada quando a vida do preso corresse perigo.
O texto não vingou, mas, em meados de junho deste ano, ante a mobilização em torno de Adnan, o governo israelense reativou o processo de adoção da lei. Os ministros consideram que as greves de fome dos palestinos constituem uma ameaça para Israel.