Os líderes dos países da zona do euro, minados pelas divisões e desconfiança a respeito de Atenas, tentam novamente neste domingo um acordo sobre um novo resgate à Grécia que evite a saída do país do bloco monetário.
Os chefes de Estado e de Governo dos 19 membros da Eurozona terão um encontro que "vai durar até a conclusão das negociações sobre a Grécia", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
Para facilitar o acordo, a União Europeia (UE) decidiu cancelar uma reunião de cúpula extraordinária dos 28 líderes prevista para este domingo, para dar mais tempo à Eurozona para obter um acordo.
"Este é o dia mais importante do mandato de Angela Merkel. Não negociará apenas o futuro da Grécia, mas também o da União Europeia", afirma a influente revista alemã Der Spiegel.
O papel da Alemanha, líder dos países mais inflexíveis com Atenas, e de sua chanceler é fundamental para resolver uma crise que deixa toda a região em xeque.
No sábado, reunidos durante nove horas, os ministros das Finanças da zona do euro não conseguiram chegar a um acordo e suspenderam o encontro para este domingo, em tese a data limite para evitar o colapso da Grécia e sua saída do euro.
As divergências foram tão grandes que o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, suspendeu o encontro depois que o ministro alemão Wolfgang Schauble pediu ao presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que não o tomasse "por imbecil", segundo a agência grega ANA.
O objetivo da reunião era dar um mandato à Comissão Europeia para para negociar com a Grécia um terceiro resgate, com base nas propostas de reformas e ajustes apresentadas por Atenas durante a semana.
"Mas é muito pouco provável que os ministros concedam um mandato neste domingo à Comissão Europeia para negociar um terceiro resgate à Grécia, como solicitou Atenas na quarta-feira", afirmou o vice-presidente do Executivo comunitário, Valdis Domborvskis.
O caminho deve ser preparado pelos chefes de Estado e de Governo dos 19 membros da Eurozona nas próximas horas.
"A falta de confiança é tão grande que não é possível alcançar um acordo", disse o ministro eslovaco das Finanças, Peter Kazimir, uma opinião compartilhada por seus colegas da Áustria ou Finlândia.
- ;Grexit; ou "mágica" -
O plano apresentado pela Grécia inclui cortes de pensões, aumento do IVA, privatizações e novos impostos para as empresas. Em troca, Atenas pede às instituições credoras - Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - um resgate de três ou quatro anos calculado em um valor entre 74 e 82 bilhões de euros.
Atenas já se beneficiou em 2010 e 2012 de planos de resgate financeiros por um valor total de 240 bilhões de euros.
Mas os sócios europeus querem mais, assim como um gesto de "boa vontade" da Grécia, com uma aprovação rápida no Parlamento das novas medidas.
"A Grécia precisa melhorar o programa e adotar rapidamente medidas legislativas", disse o comissário de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, antes de recordar: "O mundo está nos observando".
Dois dos países mais duros com a Grécia, Alemanha e Finlândia, não esconderam no sábado o desejo de uma saída de Atenas da zona do euro, ao menos de maneira temporária.
A Alemanha elaborou um documento interno no qual apresenta a possibilidade de um ;Grexit; temporário de cinco anos para que Atenas consiga reestruturar a dívida. As autoridades de Berlim, no entanto, afirmam que não transmitiram a opção aos sócios.
O ministro finlandês Alexander Stubb reiterou neste domingo que um acordo está "muito longe".
O lituano Rimantas Sadzius, também do bloco dos países inflexíveis com a Grécia, deseou um "momento de mágica" para conseguir desbloquear as negociações.
Na Grécia, onde um controle de capitais entrou em vigor e os bancos permanecem fechados, a imprensa está pessimista. O jornal Eleftheros Typos afirma que o futuro do país está "no fio da navalha".