Nova York, Estados Unidos - A Rússia vetou nesta quarta-feira (8/7) um projeto de resolução da ONU para reconhecer o massacre de Srebrenica como um "genocídio", uma tragédia que envenenou as relações entre Sérvia e Bósnia. Este massacre é qualificado como genocídio pela justiça internacional, o Tribunal Internacional para a ex-Iugoslávia e o Tribunal Penal Internacional, mas as autoridades sérvias da Bósnia rejeitam esse qualificador.
O projeto de resolução, proposto pelo Reino Unido, é considerado por este último como um "pré-requisito para a reconciliação" na Bósnia, visando condenar "nos termos mais fortes o genocídio." Outros quatro países do Conselho de Segurança da ONU, Angola, China, Nigéria e Venezuela, optaram pela abstenção na votação sobre o massacre de 8 mil muçulmanos na cidade bósnia em julho de 1995.
O embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, explicou que o texto era "agressivo, politicamente motivado e não construtivo", acrescentando que enfatizava injustamente os crimes cometidos pelos sérvios da Bósnia. "O projeto não promove a paz nos Balcãs, mas irá reviver as tensões", disse ele na reunião do Conselho de Segurança, que começou com um minuto de silêncio em memória das vítimas.
"Um genocídio ocorreu em Srebrenica. Este é um fato, não um julgamento. Por isso, não há nenhum compromisso", respondeu o vice-embaixador britânico, Peter Wilson, que acusou a Rússia de ficar "ao lado daqueles que não aceitam os fatos".
O presidente sérvio, Tomislav Nikolic, considerou este "um grande dia para a Sérvia", após o veto da Rússia. "Este é um grande dia para a Sérvia porque (a Rússia) impediu que ela fosse estigmatizada, bem como o seu povo, numa tentativa de qualificá-los de genocidas", declarou Nikolic, a quatro dias do 20; aniversário do massacre de Srebrenica, que a justiça internacional qualificou de genocídio.