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EUA: desemprego estabiliza, mas mercado cria menos vagas que esperado

A Casa Branca comemorou que 5,6 milhões de postos de trabalho tenham sido criados nos últimos dois anos no país

Washington, Estados Unidos - A economia americana criou menos empregos do que o previsto em junho, decepcionando as expectativas dos analistas, embora a taxa de desemprego tenha caído para 5,3%, seu nível mais baixo desde abril de 2008.

Segundo números oficiais do Departamento do Trabalho, divulgados nesta quinta-feira, 223.000 vagas foram criadas no mês passado. Ainda que esse ritmo se mantenha sólido, está aquém da média esperada de 230.000 postos.

Ao mesmo tempo, o número de vagas criadas em abril e maio recuou em 60.000, indicando que o ritmo de contratações é, realmente, mais moderado do que se pensava.

"É um informe bastante modesto", comentou Ian Shepherdson, da Pantheon Macroeconomics. "A criação de 223.000 vagas... Não é ruim, mas não é extraordinário", completou.

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A queda de 0,2% no índice de desemprego engana, já que ela se explica mais pelo fato de que menos pessoas da população economicamente ativa procuraram trabalho do que pelo vigor das novas contratações.

"O recuo na taxa de desemprego se deve mais ao declínio da taxa de participação no mercado de trabalho do que ao dinamismo do emprego", comentou o economista Paul Dales, da Capital Economics.

Cerca de 432.000 pessoas não procuraram trabalho no mês passado, o que reduziu a taxa de participação em 0,3%, para 62,6%.

Em 5,3%, o índice de desemprego de aproxima, porém, do pleno emprego, considerado estabilizado entre 5% e 5,2%. Trata-se de seu nível mais baixo em sete anos, pouco antes da eclosão da crise financeira.

A Casa Branca comemorou que 5,6 milhões de postos de trabalho tenham sido criados nos últimos dois anos no país.

"É o período de crescimento de emprego mais longo desde 2000", afirmou Betsey Stevenson, membro do conselho de assessores econômicos da Presidência.

O número de desempregados recuou em 375.000, a 8,3 milhões de pessoas.

Inúmeros setores mostraram vitalidade nas contratações, como na área de Saúde (%2b40.000), de prestação de serviços (%2b64.000), no setor varejista (%2b33.000), ou nas atividades financeiras (%2b20.000) - como tem acontecido nos últimos anos.

Em contrapartida, paralisou-se na construção, na indústria automobilística e no governo.

O setor petrolífero e mineração, por exemplo, sempre afetado pelos baixos preços do petróleo, perdeu ainda mais vagas em junho (-4.000). Desde o início do ano, 71.000 vagas foram cortadas na indústria extrativista.

Outra decepção é que - no momento em que uma leve alta dos preços é esperada pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), que quer normalizar sua política monetária - a média do salário-hora ficou estagnada em junho. Continua em US$ 24,95 e acumula uma alta de apenas 2% em um ano.

"Essa ausência de avanço no crescimento dos salários pode levar o Fed a continuar a retardar o momento em que vai fazer sua primeira alta das taxas de juros", sugeriu Paul Dales.

A maioria dos atores nos mercados espera que o Banco Central aumente suas taxas de juros em setembro. Elas estão sendo mantidas próximo de zero desde o final de 2008 para apoiar a retomada da economia.

Para Chris Williamson, da Markit, "a crise da dívida na Europa e a possibilidade crescente de que a Grécia possa deixar a zona do euro aumentam ainda mais a incerteza nas perspectivas econômicas mundiais".