O líder radical Leopoldo López, preso desde 2014, suspendeu nesta terça-feira (23/6) sua greve de fome de 30 dias, enquanto a oposição venezuelana se concentra nas eleições parlamentares de 6 de dezembro.
"A vocês, irmãos e irmãs, peço com o coração na mão que assumamos com humildade as conquistas obtidas neste protesto e que juntos, todos, suspendamos a greve de fome", declarou López, segundo a mensagem lida por sua mulher, Lilian Tintore, em Caracas.
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"Vamos suspender a greve, mas a luta continua", disse López, de acordo com a carta escrita de seu próprio punho e dirigida aos 104 grevistas que o acompanham no protesto.
Desde 24 de maio, López, líder da ala radical da oposição, mantinha uma greve de fome como mecanismo de pressão para que a data das eleições fosse fixada, entre outros pontos.
Dezenas de ativistas se somaram nos últimos dias à greve de López, um economista formado em Harvard e detido há 16 meses em prisão militar acusado de incitar a violência em protestos contra o governo, entre fevereiro e maio de 2014.
"A mudança já tem data", acrescentou López, advertindo, porém, que há um caminho a ser percorrido.
Acompanhada de dirigentes do Voluntad Popular e de 14 grevistas, Lilian lembrou que as exigências da oposição continuam sendo "a libertação de todos os presos políticos", a possibilidade de que haja observadores internacionais da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Europeia (UE) nas eleições e "o fim da perseguição e da censura".
Durante a greve de fome, ex-presidentes de Colômbia, Bolívia e Espanha, além de outras figuras políticas internacionais, foram a Caracas na tentativa de visitar López na prisão, mas não receberam a autorização do governo para fazê-lo.
EUA comemoram
O governo americano celebrou a decisão de López - declarou o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby, nesta terça-feira.
"Estamos satisfeitos que tenha posto um ponto final em sua greve de fome e pedimos à Venezuela que lhe permita ter acesso a médicos que ele escolher para se recuperar dessa prova", afirmou Kirby.
"Comemoramos essa decisão, que o senhor López tomou depois do anúncio das autoridades eleitorais da Venezuela, fixando a data de 6 de dezembro para eleições legislativas", acrescentou o porta-voz.
López "é um importante líder que pode desempenhar um papel significativo no diálogo democrático necessário para superar as disputas políticas" na Venezuela, continuou o representante do Departamento de Estado.
Uma outra fonte da pasta disse à AFP que Washington considera o anúncio das eleições "um passo positivo".
"É um passo positivo para os venezuelanos e suas instituições democráticas", completou a mesma fonte.
O Brasil também elogiou o anúncio de Caracas.
"O governo brasileiro recebeu com satisfação o anúncio da presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, que fixa o calendário eleitoral", declarou o Itamaraty, em nota.
Ainda de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, "o governo brasileiro transmite ao povo e ao Governo da Venezuela os melhores votos de êxito para essa jornada".