Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) darão sinal verde na próxima segunda-feira, 22 de junho, para uma missão naval no Mediterrâneo para enfrentar as redes de tráfico de migrantes.
Nesta sexta-feira, os Estados-membros suspenderam todos os obstáculos para o lançamento formal da operação, que começará, de fato, uma semana depois. No domingo, os 28 chanceleres do bloco estarão reunidos em Luxemburgo.
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O plano operacional da missão "EU Navfor Med" já foi adotado e será dirigido por um almirante italiano.
As contribuições em matéria de embarcações - incluindo fragatas e, talvez, submarinos, helicópteros, aviões de patrulha e drones - são suficientes até o momento, e a missão poderá começar "uma semana depois da decisão", afirmou uma autoridade europeia.
No final de abril, a UE prometeu atuar, após uma nova tragédia ocorrida no Mediterrâneo, na qual 800 migrantes morreram afogados em águas líbias.
A "EU Navfor Med" interceptará barcos usados por traficantes que se aproveitam do desespero dos migrantes.
À espera de autorização do Conselho de Segurança da ONU para o uso da força em águas líbias, a operação se limitará, por enquanto, à vigilância do litoral a distância. É de lá que parte a grande maioria dos migrantes que tentam chegar à Itália. O objetivo é melhorar a coleta e o intercâmbio de informação sobre as redes de traficantes de migrantes.
"Barcos, aviões e drones serão mobilizados no sul do Mediterrâneo para coletar informação e preparar as fases futuras", explicou a fonte europeia consultada pela AFP nesta sexta pela manhã.
"Mas esperamos ir além", frisou um diplomata, enquanto outro descreveu "uma primeira fase" destinada a "preparar o aumento da potência das ações".
Outras fontes ressaltam que, na ausência de um mandato claro do Conselho de Segurança, que pede a autorização prévia das autoridades líbias, a operação se encontra neste momento bloqueada e reduzida a patrulhar ao largo da costa, com eficácia limitada.
Otimismo
"Somos otimistas, mas no final haverá uma resolução do Conselho de Segurança", afirmou o diplomata, referindo-se à possibilidade de tomar os barcos suspeitos, afundar embarcações de traficantes e até bombardear seus esconderijos na costa.
A UE espera atacar os potentes navios utilizados pelos traficantes para rebocar em alto-mar as embarcações precárias carregadas de migrantes. Depois, esses barcos são deixados à deriva pelos criminosos, que delegam à Guarda Costeira italiana a tarefa de socorrer seus ocupantes e levá-los para o litoral europeu.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, espera que as negociações atuais entre facções rivais na Líbia levem rapidamente à formação de um governo de unidade nacional, que poderá apresentar depois, por unanimidade, seu pedido perante a ONU.
Novas negociações estão previstas para este domingo à noite, ou na segunda-feira, em Skhirat, no Marrocos, comentou o diplomata europeu consultado pela AFP.
"Não há certeza alguma, e sim, boas perspectivas", completou.
As autoridades europeias reconhecem que a presença crescente de barcos militares no Mediterrâneo, que têm a obrigação de socorrer qualquer embarcação em dificuldades, pode atrair novos fluxos migratórios nas primeiras semanas.
Os europeus triplicaram os recursos das missões marítimas de resgate italiana e grega - Triton e Poseidon -, mas divergem sobre o critério referente a pedidos de asilo. Há cerca de 40.000 pessoas nessa situação hoje.
Bruxelas sugere que esse total seja distribuído, igualmente, entre todos os 28 membros do bloco. A Comissão Europeia também é favorável a acolher os 20.000 refugiados sírios que se encontram em outros países, para evitar que escolham a via marítima.