O ativista e Nobel da Paz, Kailash Satyarthi, disse hoje (12/6) que existe até meio milhão de crianças-soldados no mundo. Ele alertou que a situação, que qualifica como a pior forma de abuso infantil, pode ter proporções ainda maiores. ;Existem entre 400 mil a 500 mil crianças-soldados em todo o mundo, mas os números reais podem ser muito maiores porque existem grupos de militantes clandestinos que estão sequestrando crianças e a forçando-as a usar armas;, disse o ativista indiano, em Genebra, onde participa de uma conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Kailash Satyarthi, um símbolo da luta contra a exploração infantil, disse que ;obrigar crianças a matar pessoas é a pior coisa que se pode fazer;, mencionando as situações vividas em países como a Síria, o Iraque, a Nigéria e o Afeganistão.
;Quando leio que é dada uma arma a uma criança de cinco anos para matar um oponente de uma milícia no Iraque e que se essa criança não consegue usar a arma e é enterrada viva, isso me provoca raiva. Acho que isso deve provocar raiva em todos;, afirmou o ativista, ontem (11/6), ao fazer uma intervenção durante a conferência.
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Satyarthi, que em 2014 recebeu o Nobel da Paz juntamente com a adolescente ativista paquistanesa Malala Yousafzai, disse que o financiamento global para a área da educação tem caído significativamente ao longo dos últimos quatro anos. ;Em parte devido à crise financeira, mas também à percepção dos doadores de que a educação tem registado grandes avanços nos países em desenvolvimento, quando na realidade isso não é bem assim;, frisou.
Segundo o ativista, todas as crianças no mundo podiam ter acesso a uma educação básica se os fundos anuais globais para o setor aumentassem em US$ 22 bilhões. Satyarthi acrescentou que atualmente 58 milhões de crianças no mundo não frequentam a escola. ;Tenho defendido nos últimos 35 anos que a erradicação do trabalho infantil e uma educação de qualidade são as duas faces da mesma moeda. Não podemos alcançar um, sem o outro;, reforçou.
Dados da OIT mostram que 168 milhões de crianças realizam atualmente trabalho infantil, das quais 150 milhões têm idades compreendidas entre 5 e 14 anos. Deste número global e de acordo com as estimativas, cerca de 5 milhões são mantidas como escravas.