Moscou - A Rússia advertiu os Estados Unidos nesta quinta-feira contra a mobilização de mísseis de curto e médio alcance na Europa, e convocou Washington a não colocar em risco a não proliferação nuclear.
"Está claro que tais atos significariam a destruição total por parte norte-americana do regime estabelecido pelo Tratado sobre as forças nucleares de alcance intermediário (FNI), com todas as consequências que isso provocaria", declarou em um comunicado o ministério das Relações Exteriores russo.
"Convocamos os Estados Unidos a garantir o respeito absoluto do tratado FNI e a não colocar em risco a viabilidade deste documento", ressalta o ministério.
Autoridades do Pentágono indicaram na semana passada que Washington estudava diferentes opções, ante a suposta violação por parte da Rússia deste tratado que proíbe os mísseis de alcance intermediário, em particular quanto à mobilização de foguetes na Europa. Entre estas opções figura a mobilização de mísseis terrestres de cruzeiro na Europa.
Assinado em 1987 pelo último dirigente soviético, Mikhail Gorbachev, e pelo presidente americano da época, Ronald Reagan, este tratado obriga os dois Estados a destruir todos os seus mísseis balísticos e de cruzeiro que possam ser lançados da terra e com um alcance de 500 a 1.000 quilômetros, e aqueles de 1.000 a 5.500 quilômetros.
Moscou também denunciou os "projetos dos Estados Unidos de mobilizar na Romênia e na Polônia sistemas de lançamento vertical, capazes de fazer decolar sistemas antimísseis, assim como mísseis de médio alcance".
"Uma mobilização como essa seria uma violação direta do tratado FNI" que também proíbe os testes em voo, assim como a modernização e a produção destes mísseis, adverte o ministério. Desde a entrada em vigor deste tratado, em 1 de junho de 1988, Rússia e Estados Unidos se acusaram mutuamente de violá-lo em diversas ocasiões.
Washington também acusou Moscou na semana passada de ter testado um míssil terrestre de cruzeiro proibido pelo tratado. Moscou denunciou estas "acusações infundadas", estimando que não havia nenhuma prova a respeito.