A maioria dos migrantes procede da África subsaariana e entre eles há mulheres grávidas e crianças, disse a fonte. "O Acnur tem reforçado sua presença e atividades na Grécia e no sul da Itália em resposta ao aumento dramático do número de refugiados e de migrantes chegando pelo mar na Europa este ano", declarou Edwards.No decorrer de 2015, 54.000 pessoas chegaram à Itália, 48.000 à Grécia, 920 à Espanha e 91 à ilha de Malta, afirmou Adrian Edwards.
Em 2014, 283.000 migrantes entraram ilegalmente na União Europeia, incluindo 220.000 através do Mediterrâneo, segundo dados da agência europeia de controle das fronteiras da UE (Frontex).
Enquanto as fronteiras terrestres eram desde os anos 2000 o itinerário escolhido pelos migrantes, a rota marítima passou a ser a preferida nos últimos anos. Desta forma, quase 171.000 pessoas desembarcaram na Itália no ano passado. Elas foram 40.000 em 2013 e 64.300 em 2011, no auge da Primavera Árabe, segundo dados da Frontex.
Desembarques na Grécia disparam
As estatísticas da Organização Internacional para as Migrações (OIM), uma organização independente com sede em Genebra, apontam uma relativa estabilização das chegadas à Itália. Seus números contabilizam em 47.449 o número de pessoas que chegaram de janeiro ao fim de maio deste ano, contra 41.243 no mesmo período de 2014.
Mas na Grécia os números dispararam. Enquanto em todo o ano de 2014 foram contabilizadas 34.000 chegadas, nos cinco primeiros meses de 2015 este número chegou a 46.150, sobretudo de sírios, afegãos e iraquianos, segundo a OIM.
A ilha de Lesbos, a apenas algumas horas da costa turca, é o destino prioritário de embarcações precárias de madeira ou infláveis. Todos os dias 600 refugiados chegam às ilhas gregas, dos quais a metade a Lesbos, ressalta o Acnur.
Passou de um número total de 1.732 migrantes entre janeiro e fevereiro, quando a travessia é perigosa pelo clima invernal, a 7.200 em maio. O Acnur distribui sacos de dormir e kits de higiene entre os recém-chegados, mas solicita um reforço dos meios de acolhida por parte das autoridades gregas e das ONGs presentes no local.
Em frente à Líbia, a operação Triton é coordenada pela Frontex. Participam dela 26 países europeus. Além da marinha italiana, navios de Alemanha, Suécia, Bélgica, Espanha, Irlanda e Grã-Bretanha participaram das operações de salvamento do último fim de semana.
Itália realiza a maior parte dos trabalhos
No entanto, segundo as últimas estimativas da OIM são os serviços da guarda-costeira italiana os que realizam as tarefas essenciais. Desde o início do ano e até 8 de junho recolheram 28.500 migrantes, 10.000 foram socorridos por navios militares e mercantes europeus, dos quais 3.500 pela operação Frontex que começou há pouco, e 14.500 foram socorridos por navios mercantes não europeus.
Esta pressão da migração provoca cada vez mais reações negativas. No domingo, três importantes regiões do norte da Itália (Ligúria, Lombardia e Vêneto) advertiram que se negarão a receber novos migrantes, provocando críticas do governo.
A UE, que havia planejado "capturar e destruir as embarcações antes que elas sejam utilizadas" pelos traficantes na Líbia, contraria o direito internacional, que lhe proíbe de entrar em águas territoriais líbias ou deter uma embarcação com pavilhão sem um mandato internacional, o que foi rejeitado pela ONU. Os diplomatas buscam agora uma fórmula de mandato mais limitado que permitiria deter sem destruir as embarcações envolvidas neste tráfico.
Segundo a OIM, 1.770 pessoas morreram ou desapareceram ao tentar atravessar o Mediterrâneo desde o norte da África e Oriente Médio.