A coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita intensificou os bombardeios neste domingo (7/6) na capital e no sul do Iêmen, deixando meia centena de mortos, apesar da retomada iminente das negociações de paz em Genebra.
A Arábia Saudita, que havia interceptado em voo no sábado um míssil Scud lançado pelos rebeldes huthis em direção ao seu território, o primeiro em dez semanas de guerra, bombardeou em ao menos quatro ocasiões a sede do comando geral do exército, no centro da capital iemenita, controlada pelos rebeldes huthis e seus aliados, militares fiéis ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh.
Eles provocaram explosões que danificaram casas nos arredores e obrigaram as famílias a fugir do bairro, constatou um fotógrafo da AFP.
"Ao menos 20 civis e 25 soldados e oficiais morreram" em bombardeios da coalizão contra o quartel-general do comando do exército, situado em Tahrir, um bairro residencial do centro de Sanaa, declarou uma fonte médica à AFP, um balanço próximo das 44 mortes informadas pelos rebeldes.
Na sexta-feira, os rebeldes aceitaram participar, junto ao governo iemenita exilado em Riad, das negociações auspiciadas pela ONU em Genebra para tentar encontrar uma saída ao conflito.
O secretário-geral do organismo, Ban Ki-moon, confirmou no sábado que as discussões começarão em 14 de junho e reiterou sua "chamada urgente a todos os grupos do Iêmen a participar das consultas de boa fé e sem pré-condições", segundo um comunicado da ONU.
Rebeldes em Moscou
O porta-voz dos rebeldes, Mohamed Abdesalam, reafirmou neste domingo a participação de um grupo nas negociações de Genebra "sem pré-condições", acrescentando que esta posição havia sido notificada ao emissário da ONU para o Iêmen, Ismail Ould Cheikh Ahmed, em um encontro no sábado na capital de Omã, Mascate.
Uma delegação de rebeldes que estava há vários dias ali, onde teve contatos diplomáticos com os Estados Unidos, viajou na noite de sábado a Moscou, convidada pelo ministério russo das Relações Exteriores, segundo a agência iemenita Saba.
Em terra, os bombardeios se intensificaram e os combates no sul do país prosseguiram.
Os aviões da coalizão também bombardearam pela manhã o acampamento de Jimaineh, no leste de Sanaa, e um arsenal em Al-Nahdain (sul), situado em uma colina.
O acampamento de Jumaineh pertence à Guarda Republicana, unidade de elite do exército que permaneceu fiel ao ex-presidente Saleh. Este último se aliou aos rebeldes huthis na ofensiva que no último ano lhes permitiu tomar o controle da capital e de vastas regiões do norte, oeste e centro do país.
No sul, a aviação bombardeou várias posições rebeldes em Áden, segunda cidade do país, em apoio às forças governamentais que resistem às tentativas dos milicianos xiitas e de seus aliados de avançar em direção a certos bairros, indicou à AFP o general Fadhl Baech, chefe militar das forças governamentais.
Na província de Taez (sudoeste), os aviões da coalizão atingiram posições rebeldes perto do estreito estratégico de Bab al-Mandeb, segundo testemunhas.
Quatro civis morreram e 20 ficaram feridos em bombardeios noturnos contra bairros residenciais de Taez, segundo fontes médicas e locais.
Em Dhaleh, capital da província de mesmo nome, 10 rebeldes morreram e outros 12 foram capturados em combates com forças pró-governamentais que tentam impedir seu avanço ao norte da cidade.