Jornal Correio Braziliense

Mundo

Crise da Grécia e Ucrânia dominam cúpula do G7 na Alemanha

Em uma coletiva de imprensa separada, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, convocou o G7 a "confirmar sua unidade" sobre as sanções contra a Rússia

As negociações entre a Grécia e seus credores centrarão a partir deste domingo (7/6) grande parte das discussões da cúpula do G7 na Alemanha, onde as principais potências econômicas também abordarão outro assunto da atualidade, o conflito na Ucrânia.

Ao ressaltar os inúmeros pontos em que Berlim e Washington concordam e celebrando a amizade entre as duas nações, Obama insistiu na necessidade de enfrentar a agressão russa no leste da Ucrânia.

Na ausência do presidente russo, Vladimir Putin, o presidente americano ressaltou a importância de manter as sanções contra Moscou, acusado de apoiar a rebelião no leste separatista da Ucrânia.

Obama se pronunciou no pequeno povoado de Krun, pouco antes do início da cúpula do G7 no castelo situado neste município. Foi calorosamente recebido por Merkel e por habitantes bávaros vestidos com o traje tradicional, que divertiram o presidente com cerveja e salsichas.

Em uma coletiva de imprensa separada, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, convocou o G7 a "confirmar sua unidade" sobre as sanções contra a Rússia. "Se alguém quer reconsiderar esta política, só poderá fazê-lo para reforçá-la", disse.

A chanceler alemã deveria receber depois do meio-dia os demais convidados - o presidente francês, François Hollande; o primeiro-ministro britânico, David Cameron; o presidente do Conselho italiano, Matteo Renzi; o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e seu colega canadense, Stephen Harper -, para a cúpula, que será realizada no castelo de Elmau.

Mais de 22.000 policiais foram mobilizados para a ocasião. Na manhã deste domingo ocorreram manifestações tranquilas de militantes pacifistas anticapitalistas nos povoados vizinhos.

Expectativas pela Grécia

Obama se referiu à necessidade dos sócios do G7 encontrarem os meios para "manter uma União Europeia forte e próspera", em alusão ao caso grego.

Igualmente presente, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, convocou Atenas a apresentar novas propostas de reforma o mais rápido possível.

"(O primeiro-ministro grego) Alexis Tsipras, meu amigo, havia prometido que até a noite de quinta-feira me apresentaria uma segunda proposta alternativa... Não recebi esta proposta alternativa", declarou Juncker.

O governo de esquerda radical da Grécia e seus credores - o Fundo Monetário Internacional, a União Europeia e o Banco Central Europeu - negociam há cinco meses para desbloquear os 7,2 bilhões de euros da última parcela do resgate que Atenas precisa desesperadamente.

A três semanas do fim do prazo para que a Grécia pague a dívida de 1,6 bilhão de euros, os credores propuseram um projeto de reformas ao país que o primeiro-ministro grego classificou de absurdas.

Tsipras, pressionado pelas exigências das instituições e pelas promessas antiausteridade que fez aos seus eleitores, se reuniu na noite de sábado com Hollande e Merkel.

O tema será tratado no âmbito da cúpula UE-Celac (Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe) em Bruxelas na próxima semana, indicou Juncker.

Tanto a França quanto a Alemanha se envolveram diretamente no assunto para evitar que a Grécia deixe de pagar suas dívidas, o que pode conduzir a uma saída da zona do euro.

Por sua vez, os Estados Unidos demonstraram sua preocupação pelo risco que a Grécia representa para uma economia mundial frágil e convocou os europeus e levar em consideração o risco de uma saída do país da zona do euro.

"O tempo voa e as consequências podem ser dramáticas", considerou o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, em uma entrevista ao jornal alemão Welt am Sonntag. A UE está preparada para ir mais longe para encontrar uma solução, declarou.

Outra figura chave no dossiê grego, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, se dirigirá ao castelo de Elmau na segunda-feira.