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Grupo Estado Islâmico se aproxima de cidade síria de Hassake

A queda desta cidade daria ao Estado Islâmico o controle de uma segunda capital provincial síria depois de Raqa (norte), seu principal reduto neste país devastado por quatro anos de guerra

O grupo Estado Islâmico (EI) estava nesta quinta-feira às portas de Hassake, capital de uma província do nordeste da Síria, apesar dos ataques aéreos contínuos por parte da coalizão internacional que mataram 10 mil jihadistas neste país e no Iraque.

No Iraque, um ataque da coalizão liderada por Washington destruiu uma das maiores fábricas de carros-bomba do EI, a arma favorita da organização extremista, enquanto ataques jihadistas contra duas bases militares foram frustrados no oeste do país.

Na Síria, o EI se encontra a apenas 500 metros de Hassake, uma cidade cujo controle é compartilhado entre o regime de Bashar al-Assad e as forças curdas, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

A queda desta cidade daria ao EI o controle de uma segunda capital provincial síria depois de Raqa (norte), seu principal reduto neste país devastado por quatro anos de guerra.

Também seria a terceira capital de uma província a ser perdida pelo regime, uma vez que a cidade de Idleb (noroeste) está nas mãos da Al-Qaeda e de rebeldes desde 28 de março.

Famílias em fuga

A batalha por Hassake, iniciada em 30 de maio, continuava nesta quinta-feira na periferia sul e sudeste da cidade, de acordo com o OSDH e ativistas.

"As famílias desses bairros fugiram para as áreas sob controle curdo no norte e oeste da cidade", disse à AFP via internet Arin Shekhmos, um ativista da província.

"Eles têm medo do progresso do EI e dos morteiros" lançados pelos jihadistas, explicou, indicando que a energia elétrica e as comunicações foram cortadas na cidade após a captura pelo grupo de uma estação de energia na periferia sul.

Segundo o OSDH, o EI enviou há alguns dias como reforços mais de 400 jihadistas de Deir Ezzor (leste). O regime também relatou o envio de reforços.

O jornal sírio Al-Watan, próximo do regime, criticou a falta de envolvimento das forças curdas na batalha, se dizendo "surpreso pela fraqueza de alguns irmãos curdos" para defender Hassake.

Novos ataques em Aleppo

No norte do país, ao menos 14 civis, a metade dos quais crianças, morreram nesta quinta-feira em bombardeios com barris de explosivos lançados pela aviação síria na província de Aleppo.

Apesar das condenações da ONU, o regime de Bashar al-Assad intensificou nas últimas semanas sua campanha de bombardeios aéreos nesta província, em grande parte nas mãos dos rebeldes.

Nas cidades de Hayan e Deir Jamal, ambas ao norte de Aleppo, oito e seis civis foram mortos respectivamente por bombardeios com barris cheios de explosivos. Enquanto em Hayan cinco crianças de uma mesma família morreram, em Deir Jamal duas faleceram.

De acordo com o OSDH, o regime quer punir os civis que residem nas zonas rebeldes após perder nos últimos meses terreno no norte do país para a rede Al-Qaeda e seus insurgentes aliados, que enfrentam por sua vez o grupo Estado Islâmico (EI), que em 1; de junho estendeu seu controle na província de Aleppo.

Após essas novas derrotas do regime, milhares de combatentes iraquianos e iranianos chegaram recentemente à Síria com o objetivo principal de defender Damasco e seus subúrbios, segundo uma fonte de segurança síria. Em Istambul, a oposição no exílio se reuniu nesta quinta-feira com o mediador da ONU para a Síria, Staffan de Mistura.



No Iraque, as autoridades disseram que os ataques da coalizão internacional destruíram na quarta-feira em Hawija (225 quilômetros ao norte de Bagdá) uma das fábricas mais importantes de carros-bomba do EI. A coalizão confirmou o ataque, mas não o alvo.

O EI tem recorrido cada vez mais a esses "caminhões-bomba", carregados com toneladas de explosivos, em ataques no Iraque.