Jornal Correio Braziliense

Mundo

Jihadistas do EI 'ameaçam o mundo inteiro', diz chanceler iraquiano

Ibrahim Al-Jaafari cobra mais ajuda internacional para combater o Estado Islâmico, alerta sobre perigo ao Ocidente e critica a coalizão


[SAIBAMAIS]
O que é preciso fazer para conter a ameaça representada pelo Estado Islâmico?
Ela (a facção) não é um Estado Islâmico, mas usa este nome. O islamismo está livre desse nome. O islamismo é a religião da paz. A solução é a união de todas as forças de bem do mundo para poder enfrentar este mal. São pessoas que se tornaram frutos da rebeldia, da revolta, porque viveram em sociedades com políticas desprovidas de distribuição de riquezas. São membros de países que detêm dois terços das reservas de petróleo do mundo e também foram frutos de governos violentos, de governos que não são democráticos. Além disso, houve aquele ataque contra a personalidade do profeta Maomé. Isso fez nascer dentro deles a revolta, que passou para ações violentas e, depois, para a vingança. Eu também gostaria de destacar que o Brasil teve uma posição honrosa de proibir os ataques contra a honra do profeta. Ao identificar as razões pelas quais isso aconteceu, estou apontando as soluções. Temos que respeitar a religião muçulmana, cujos fiéis são um quinto da população mundial. E temos que respeitar a tradição, o profeta. Ao respeitar e ao dar oportunidade para esses excluídos, nós conseguiremos enfrentar isso. Temos que ensiná-los a ter respeito pelas diferenças e não a partir para a agressão. Isso me leva a lembrar daquela guerra na Alemanha entre católicos e protestantes, no século 17, a qual chamam de Guerra dos 30 anos. Ela começou dentro da Alemanha e se espalhou por toda a Europa.

De que modo o Brasil pode ajudar o Iraque e a Síria a controlar a expansão desses extremistas?
O Brasil é um país com experiência. É o quinto país em território e o quarto em capacidade democrática, e pode nos ajudar com a experiência na economia. Ele pode estender essa experiência para o Iraque. O Brasil tem capacidade industrial, o Brasil pode ajudar o Iraque a combater o terrorismo. Nós não precisamos de uma força territorial. Não necessitamos de soldados nem tropas, mas podemos ter apoio logístico e equipamentos para nos ajudar nisso.

Como o senhor analisa o papel da coalizão internacional contra os jihadistas? Os bombardeios têm sido eficientes?
Assim que surgiu esse apoio internacional, em setembro do ano passado, nas Nações Unidas, nós esperávamos por isso. A gente esperava que a coalizão atuasse de maneira mais forte e mais decisiva. Hoje, temos este apoio, mas não da maneira que esperávamos.

O que o Iraque esperava?
A coalizão internacional tem que fazer o que ela se prontificou a fazer, por meio de armas, de treinamento para as tropas iraquianas, de informações privilegiadas de inteligência, além de ajuda humanitária. Temos 2,6 milhões de refugiados de Mossul e de outras cidades. Após a reconquista das cidades, precisaremos de ajuda humanitária para podermos realocar essas pessoas e reconstruir os lugares que foram abandonados.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.