Amã, Jordânia - A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch acusou nesta quarta-feira a Jordânia de manter bloqueados centenas de refugiados sírios no deserto jordaniano perto da fronteira com a Síria, com um acesso limitado à ajuda humanitária.
"As autoridades jordanianas limitaram fortemente" desde o fim de março de 2015 o movimento de refugiados na parte oriental do país, bloqueando centenas de sírios em zonas desérticas remotas no lado jordaniano da fronteira, explicou a HRW em um comunicado.
A organização diz se basear em imagens de satélite e nos testemunhos de trabalhadores humanitários internacionais.
O governo jordaniano rejeitou as acusações da HRW, afirmando que a Jordânia "continua com uma política de fronteiras abertas para os refugiados sírios".
Segundo a HRW, estes refugiados sírios "têm um acesso limitado à alimentação, água e assistência médica".
"A Jordânia deve permitir às pessoas bloqueadas ir mais longe na Jordânia e ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) que os registre como solicitantes de asilo", acrescentou a HRW.
Segundo a organização com sede em Nova York, imagens de satélite recentes mostram um grande grupo de pessoas com algumas tendas no lado jordaniano da fronteira, perto dos pontos de passagem não oficiais tomados pelos refugiados que fogem da guerra na Síria. A Jordânia fechou os dois pontos de passagem oficiais entre os dois países devido à violência.
No dia 10 de abril, as organizações humanitárias calculavam que 2.500 refugiados estavam bloqueados no deserto jordaniano perto da fronteira com a Síria. Mas segundo um trabalhador humanitário citado pela HRW, não havia mais de 1.000 no fim de maio, já que os guardas permitiram que uma parte saísse da zona fronteiriça.
A Jordânia "fez grandes esforços para responder às necessidades dos refugiados", declarou Nadim Houry, diretor-adjunto da HRW para o Oriente Médio e o Norte da África.
"Mas isso não é uma desculpa para abandonar os recém-chegados durante semanas em zonas fronteiriças afastadas, sem proteção ou acesso regular à ajuda" humanitária, acrescentou Houry, citado no comunicado.
Cerca de 600.000 sírios foram registrados pelo ACNUR na Jordânia. No entanto, Amã diz que acolhe quase 1,5 milhão de sírios em território jordaniano.