A ONU taxou neste domingo de "inaceitáveis" os novos bombardeios do regime sírio com barris de explosivos que mataram dezenas de civis no fim de semana no norte do país.
A aviação síria soltou vários desses barris em áreas rebeldes de Aleppo, a metrópole do norte, matando 71 civis, incluindo crianças, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Esse balanço é um dos mais altos registrados na região até agora este ano.
"O bombardeio aéreo por helicópteros sírios (...) em Aleppo merece a mais alta condenação internacional", denunciou o mediador da ONU para a Síria, Staffan de Mistura.
Os ataques tiveram como alvo um mercado popular em Al Bab, cidade sob controle do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), e o bairro rebelde de Al Chaar, no leste de Aleppo, segundo a OSDH, que chamou o episódio de "massacre".
O exército sírio também atingiu neste sábado Jabal al Zawiya, região montanhosa na província de Idleb (noroeste), matando ao menos 20 civis, explicou a ONG com sede em Londres, que se apoia numa rede de informantes na Síria.
- ;Vingança contra os civis; -
"O regime sempre soltou barris de explosivos neste guerra, mas agora está intensificando seus ataques porque acredita poder compensar suas baixas no campo de batalha", disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor da OSDH. "Trata-se também de um tipo de vingança contra os civis que apoiam a rebelião", acrescentou.
O exército, que seguia bombardeando os bairros rebeldes de Aleppo neste domingo, sofreu uma série de derrotas nas últimas semanas, perdendo o controle de quase toda a província de Idleb, ante uma coalizão formada por jihadistas da Al-Qaeda e rebeldes.
O regime de Bashar al-Assad também abandonou a histórica cidade de Palmira frente à ofensiva do EI, e perdeu o principal posto fronteiriço com a Jordânia, no sul, nas mãos dos rebeldes.
As organizações internacionais denunciam com frequência o uso de barris de explosivos que, em 2015, deixaram centenas de mortos entre os civis da província de Aleppo, onde o regime controla apenas alguns poucos distritos.
- Avanço jihadista -
O conflito sírio, que deixou mais de 220.000 mortos, começou há quatro anos com uma revolta pacífica, que se transformou em uma insurreição armada contra a repressão desatada pelo regime.
Em Palmira, o EI bombardeou a prisão de Tadmor, situada em pleno deserto, símbolo da repressão do regime sírio, segundo a OSDH e ativistas.
Os presos haviam sido transferidos para outros presídios pouco antes da tomada de Palmira em 21 de maio pelos jihadistas, que divulgaram fotos da suposta destruição.
Nessa mesma região, o EI conquistou a localidade de Basire, situada em um importante cruzamento de rodovias, que conduz de Damasco até o sul e a Homs, terceira cidade do país, mais a oeste.
Na província iraquiana de Al Anbar, fronteiriça com a Síria, as forças governamentais retomaram no sábado um bairro do oeste de Ramadi, sua capital conquistada pelo EI no último 17 de maio.