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Sem acordos, EUA e Cuba prosseguirão com diálogo sobre embaixadas

Dois obstáculos foram claramente delineados: a falta de serviços bancários para a eventual delegação cubana em Washington e a permanência de Cuba na lista dos países que patrocinam o terrorismo

Estados Unidos e Cuba não conseguiram chegar a acordos em suas negociações para o restabelecimento das relações diplomáticas, mas vão continuar discutindo nas próximas semanas sobre o funcionamento de suas futuras embaixadas. "Nós continuamos a fazer progressos (...) As duas delegações concordaram em continuar o intercâmbio sobre questões relativas ao funcionamento das missões diplomáticas", indicou a chefe da delegação cubana, Josefina Vidal, ao final da última rodada de negociações.

A diplomata cubana acrescentou que "nas próximas semanas" as negociações serão retomadas para discutir "a conduta do pessoal diplomático" nas futuras embaixadas. Por sua vez, a vice-secretária de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson, disse que "esta rodada de negociações foi altamente produtiva." "Fizemos progressos significativos nos últimos cinco meses", disse, acrescentando que os dois países estão "mais perto" de restaurar os laços diplomáticos.

No entanto, nenhuma das duas forneceu detalhes sobre os obstáculos que precisam ser superados para o restabelecimento das relações diplomáticas.

[SAIBAMAIS]Antes do início desta rodada de diálogo, dois obstáculos prioritários foram claramente delineados: a falta de serviços bancários para a eventual delegação cubana em Washington e a permanência de Cuba na lista do Departamento de Estado dos países que patrocinam o terrorismo.

A Casa Branca já notificou o Congresso sobre a retirada de Cuba da polêmica lista, um processo que será concluído em 29 de maio, enquanto Cuba confirmou quinta-feira à noite que já garantiu um banco para gerenciar suas contas nos Estados Unidos. Neste cenário de avanços e progressos, as negociações encontram algumas barreiras.

Um dos pontos importantes para Vidal é a "conduta" dos diplomatas, em uma referência velada às atividades dos americanos em Havana que o governo cubano considera como ingerências nos seus assuntos internos.



A própria Jacobson já havia sido pressionada pelos senadores para que o Departamento de Estado se comprometa a manter os cursos oferecidos em diferentes países, mas especialmente em Cuba, sobre temas como democracia e direitos humanos, particularmente destinados a jornalistas.

Nesta sexta, Jacobson declarou à imprensa que desde 1979, quando esses cursos foram idealizados, "sofreram muitas mudanças, então não sei dizer que formato terão no futuro".

Discussões futuras
A diplomata americana considerou que, em vista dos avanços alcançados, não será necessária outra rodada formal de negociações, uma vez que os detalhes pendentes podem ser resolvidos pelas respectivas representações diplomática. Neste sentido, Vidal sugeriu que a delegação cubana pense nos passos futuros para além do restabelecimento das relações diplomáticas, a reabertura das embaixadas e a nomeação de embaixadores.

Segundo a diplomata, Cuba está determinada "a abordar, uma vez restabelecidas as relações diplomáticas, questões substantivas da agenda bilateral, incluindo o levantamento do bloqueio", medida que deve contar com o apoio do Congresso.

Washington e Havana surpreenderam o mundo no último 17 de dezembro, ao anunciar sua decisão de deixar para trás meio século de conflito e iniciar negociações para restabelecer as relações diplomáticas.

O presidente Barack Obama e o líder cubano Raul Castro tiveram um encontro histórico com um aperto de mãos durante a Cúpula das Américas, realizada em abril, no Panamá.