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Ex-secretário dos EUA quer rever proibição de escoteiros gays adultos

Organização nacional de escoteiros proibiu, em 2013, a entrada de jovens homossexuais no grupo

Miami - A proibição de que adultos gays sejam escoteiros nos Estados Unidos é "insustentável", declarou o presidente da organização, Robert Gates, nesta quinta-feira (21/5), pedindo que essa norma seja revista.

"O status quo nos padrões de filiação do nosso movimento é insustentável", disse Gates, na reunião anual dos "Boy Scouts" americanos em Atlanta, na Geórgia (sudeste dos EUA), segundo a transcrição de seu discurso disponibilizada on-line na página institucional.

"Temos de enfrentar o mundo como ele é, não como gostaríamos que fosse", afirmou Gates, ex-secretário americano da Defesa e ex-chefe da CIA, que assumiu, no ano passado, a direção da organização fundada em 1910, com milhões de jovens membros nos Estados Unidos.

Gates advertiu que a organização se expõe a que, "mais cedo, ou mais tarde", os tribunais "simplesmente ordenem a modificação de nossa política de filiação", sugerindo a revisão do tema.

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Em 2013, a organização Escoteiros da América (BSA, sigla em inglês) decidiu, em votação, suspender a proibição de ingresso para jovens homossexuais, mas manteve em vigor a interdição para adultos gay que atuam como guias.

O tema é bastante sensível na organização, já que grande parte dos grupos que patrocinam os escoteiros é religiosa.

Gates disse que essas organizações deveriam continuar sendo livres para adotar suas próprias políticas, mas lembrou que "o país está mudando, e estamos cada vez mais na contramão do panorama legal" nos Estados Unidos.

"O que não podemos fazer é fechar os olhos e fingir que esse desafio vai acabar, ou diminuir. É exatamente o contrário que está acontecendo", apontou Gates.

Ele garantiu que a organização não adotará ações contra grupos de escoteiros em Nova York e em outras partes do país que tenham desafiado a proibição.

Gates reconheceu que alguns membros podem ficar "incomodados" como tema, mas afirmou que não há outra opção a não ser enfrentá-lo.

"Temo que qualquer outra alternativa seja o nosso fim como um movimento nacional", acrescentou.