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Príncipe Charles visita local do atentado que matou o tio na Irlanda

Herdeiro ao trono visita a Irlanda e na terça-feira se tornou o primeiro membro da família real a se encontrar com Gerry Adams, o veterano líder do Sinn Fein, braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA)

Sligo - O príncipe Charles da Inglaterra lembrou nesta quarta-feira a angústia que sentiu com o assassinato pelo IRA de seu padrinho Lorde Mountbatten, horas antes de visitar a localidade da Irlanda onde este incidente ocorreu em 1979.

O herdeiro ao trono visita a Irlanda e na terça-feira se tornou o primeiro membro da família real a se encontrar com Gerry Adams, o veterano líder do Sinn Fein, braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA), partidário da unificação da Irlanda e inimigo de Londres.

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Charles e sua esposa Camila visitaram nesta quarta-feira a cidade e o condado de Sligo, no noroeste da Irlanda, onde fica o povoado costeiro de Mullaghmore, no qual o IRA explodiu o barco no qual Lorde Mountbatten estava.

O ataque também matou seu neto, a sogra de sua filha e um jovem do povoado que guiava a embarcação.Louis Mountbatten era padrinho e tio-avô de Charles, o avô que nunca teve, em suas palavras. Também era primo da rainha Elizabeth II e foi o último vice-rei da Índia britânica. Tinha 79 anos quando foi assassinado.

"Na época não podia imaginar como ia superar a angústia que uma perda tão grande como essa me causou", disse Charles em um discurso em Sligo antes de viajar a Mullaghmore.



"Por esta experiência horrível, entendo de uma maneira profunda o sofrimento de outros nestas ilhas, não importam quais fossem suas convicções religiosas ou políticas", afirmou.

"Sou consciente da longa história de sofrimento da Irlanda, não apenas nas últimas décadas, mas ao longo da história", acrescentou.

A Irlanda se tornou independente do Reino Unido em 1922 após um período de luta armada. O conflito prosseguiu a partir de 1968 na parte da ilha da Irlanda que continuou sendo britânica, a Irlanda do Norte, que o Sinn Fein e o IRA queriam que se integrasse a Dublin.

A Irlanda do Norte continua sendo britânica, mas o conflito entre republicanos e unionistas deixou 3.500 mortos até seu fim, em 1998, com os Acordos da Sexta-Feira Santa.

Esta é a terceira visita de Charles à Irlanda. Sua mãe, a rainha Elizabeth II, esteve na região em 2011, na primeira visita de um monarca britânico desde a independência.

No encontro com Gerry Adams na terça-feira, os dois homens apertaram as mãos e se mostraram sorridentes em um evento em uma universidade de Galway.Segundo Adams, "nós dois expressamos nosso pesar pelo que aconteceu desde 1968" na Irlanda do Norte.

"Concordamos com o fato de que este encontro ter sido realizado era algo importante", acrescentou.O herdeiro ao trono britânico não fez declarações sobre a reunião, mas antes pronunciou um discurso na universidade no qual expressou sua alegria por estar na Irlanda.

"Sempre me sinto emocionado e impressionado com a extraordinária amabilidade dos irlandeses", disse Charles em um discurso na universidade. "Vocês têm um caráter maravilhoso", completou, antes de chamar de "irresistível" a "magia irlandesa".