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Deslizamento de terra deixa 78 mortos no noroeste da Colômbia

O serviço de Medicina Legal conseguiu identificar até agora 18 corpos, levados de Salgar a Medellin, onde devem ser feitas as necropsias

Ao menos 78 pessoas morreram em um deslizamento de terra na madrugada de segunda-feira no município de Salgar, noroeste da Colômbia, onde mais de 24 horas depois da tragédia as autoridades prosseguem com a busca de desaparecidos e ajuda aos desabrigados.

Segundo o último boletim da Unidade Nacional para a Gestão de Risco de Desastres (UNGRD), que lidera as operações de resgate, 78 pessoas morreram e os afetados aumentaram de 333 para 542. Um boletim anterior dava conta de 40 feridos na catástrofe.

O serviço de Medicina Legal conseguiu identificar até agora 39 corpos, levados de Salgar a Medellin, onde devem ser feitas as necropsias.

O Instituto Colombiano de Bem-estar Familiar (ICBF) informou que entre os mortos há nove crianças e que outros 119 menores foram afetados.

O deslizamento de pedras, troncos e barro, ocorrido por volta das três da madrugada de segunda-feira aconteceu após as fortes chuvas que atingiram a região, que provocaram infiltrações em barrancos na parte alta do município, de topografia montanhosa.

A tragédia arrasou a localidade de La Margarita, uma das quatro do município, que praticamente foi apagada do mapa, segundo a prefeita de Salgar, Olga Osorio.

As autoridades informaram que 30 famílias foram afetadas e 31 casas, danificadas. O governo teme que o número de mortos aumente, pois a região, declarada zona de calamidade pública, está inundada e coberta de barro e escombros.

"Ninguém vai trazer os mortos de volta, isto é algo que lamentamos profundamente, acompanhamos as famílias. Mas temos que sair deste desastre e olhar para frente com coragem e fortaleza", disse o presidente Juan Manuel Santos, em declarações em Salgar, onde se reuniu com autoridades locais depois de sobrevoar a região.

O presidente anunciou o pagamento de uma indenização de 16 milhões de pesos (US$ 7 mil) a cada família afetada e prometeu obras de mitigação de risco para evitar catástrofes similares no futuro.

"Há várias crianças que ficaram sem os pais, que ficaram sozinhas. O ICBF (Instituto Colombiano de Bem-estar Familiar) já chegou para ajudar estas crianças", destacou.

Salgar, um município de 400 km2 cercado por múltiplos cursos de água, está localizado 100 km a sudoeste de Medellin. A população total do município chega a 17.600 pessoas, segundo os últimos dados oficiais disponíveis.

A área afetada está com os serviços de abastecimento de água potável, energia e gás interrompidos após a catástrofe.

Segundo a UNGRD, 166 socorristas estão trabalhando no local.

Foram enviados socorristas, cães treinados, kits de ajuda humanitária e água potável, informou à AFP Ana Carolina Gutiérrez, porta-voz da Cruz Vermelha, que abriu uma operação de colega de alimentos e cobertores de Medellin.


Terra arrasada


Segundo autoridades locais, a enxurrada surpreendeu os vizinhos dormindo e devastou o povoado, especialmente na periferia.

"Trouxe abaixo tudo o que quis", contou à rádio RCN a prefeita do município de Salgar, Olga Osorio.

O povoado de La Margarita praticamente "foi apagado do mapa", acrescentou.

Filas de parentes esperavam diante do cemitério de Salgar, para onde eram levados os corpos recuperados, muitos deles mutilados.

O ex-presidente Alvaro Uribe (2002-2010), atual senador e líder político com forte popularidade no país, também viajou para Salgar.

"Encontrei uma senhora com um bebê de três dias, seu neto. Os pais da criança estão desaparecidos (...) É muito doloroso o que temos visto", declarou à rádio RCN o ex-presidente, que nasceu em Medellin, capital de Antioquia, mas foi criado em um sítio desta região.

Mensagens de apoio e solidariedade se sucederam no Twitter, onde a hashtag #FuerzaSalgar virou "trending topic" no país.

As enxurradas e os deslizamentos, provocados por fortes chuvas, são comuns na Colômbia, vulnerável a desastres naturais devido à sua localização e geografia.

Em 2010-2011, o país sofreu uma temporada chuvosa acentuada pelo fenômeno La Niña, que provocou inundações, avalanches e remoções maciças. Segundo cifras oficiais, a catástrofe, que afetou o norte e parte do centro e do sul do país, deixou 1.374 mortos e 2,3 milhões de desabrigados, além de quase 110.000 casas destruídas.