A coalizão árabe dirigida pela Arábia Saudita bombardeou neste sábado o Aeroporto Internacional de Sanaa e um reduto rebelde no norte do Iêmen, horas depois de uma trégua humanitária proposta para a próxima semana.
Dois foguetes caíram na principal pista do aeroporto da capital Sanaa, em mãos dos rebeldes huthis, disseram testemunhas.
A autoridade da aviação civil planejava abrir o aeroporto neste sábado durante algumas horas para receber a ajuda destinada às pessoas presas por mais de um mês no conflito.
As Nações Unidas e as organizações humanitárias têm frequentemente criticado o bombardeio da coalizão contra o aeroporto, um meio " vitais", segundo eles, para o transporte de ajuda no país, que passa por uma escassez de alimentos, combustível e medicamentos.
ONGs e as Nações Unidas consideram a situação humanitária no Iêmen "catastrófica", no âmbito de um bloqueio aéreo e marítimo da coalizão árabe.
Para o Unicef, se o combustível e os alimentos continuarem a escassear, a desnutrição aguda ameaçará diretamente mais de 120 mil crianças nos próximos três meses, além dos 160 mil menores que já sofrem deste tipo de desnutrição.
A guerra no Iêmen já deixou mais de 1.400 mortos e cerca de 6.000 feridos, a maioria civis, segundo a ONU.
A Arábia Saudita e seus aliados árabes lançaram, em 26 de março, uma campanha aérea contra o Iêmen para impedir que os rebeldes xiitas apoiados pelo Irã assumam o controle de todo o país.
Durante toda a noite a coalizão bombardeou Saada, um reduto rebelde no norte do Iêmen, que faz fronteira com a Arábia Saudita, onde mais de 800 famílias fugiram de sexta-feira, de acordo com testemunhas.
- Silêncio dos rebeldes -
A vila de Harran, de onde vem o líder rebelde, Abdel Malek al- Houthi, foi alvo de bombardeios aéreos e da artilharia da Arábia Saudita a partir do outro lado da fronteira. De acordo com a televisão dos huthis, dezenas de foguetes caíram sobre a aldeia.
Estes bombardeios Saada ocorreram depois que os rebeldes fizeram disparos de artilharia esta semana na região de fronteira saudita de Najran, matando dez civis. Riade acredita que eles devem "pagar caro" por isso.
Foi em Saada onde os hutíes, com a ajuda de soldados apoiantes do ex-presidente Ali Abdullah Saleh, lançaram em julho de 2014 a ofensiva que lhes permitiu assumir partes da região central e oeste deste país pobre e instável na Península Arábica, incluindo Sanaa.
Na sexta-feira a Arábia Saudita anunciou um cessar-fogo de cinco dias que entraria em vigor em 12 de maio no Iêmen, poucas horas após bombardear o principal reduto dos rebeldes xiitas huthis em resposta a um ataque contra uma zona próxima a sua fronteira.
- Falar com Teerã e Moscou -
O secretário de Estado americano, John Kerry, também condicionou a trégua a que os huthis aceitem "que não haja nenhum bombardeio ou de tiro, ou movimentos de tropas ou manobras de reposicionamento, ou qualquer movimento de armas pesadas".
Sem mencioná-los, Kerry pediu a Irã e Rússia, "os países mais influentes" sobre os rebeledes, a pressioná-los para que aceitem os termos de uma trégua, e garantiu que os Estados Unidos permanecerão em contato com Moscou e Teerã com esta finalidade.
As relações entre as duas potências regionais, o Irã xiita e a sunita Arábia Saudita, se deterioraram durante o conflito no Iêmen. Teerã nega as acusações sauditas de ajuda militar para os insurgentes.