Adem, Iêmen - Um número limitado de soldados da coalizão liderada pela Arábia Saudita foi enviado neste domingo (3/5) à cidade de Áden, sul do Iêmen, pela primeira vez desde o início da campanha militar para apoiar as forças que lutam contra os rebeldes xiitas huthis, segundo fontes locais. "Uma força limitada da coalizão chegou a Áden", afirmou à AFP uma fonte, que pediu anonimato.
Mais soldados devem chegar à cidade, de acordo com o funcionário. Mas em Riad, o porta-voz saudita da coalizão, o general de brigada Ahmed al Asiri, negou uma grande ofensiva terrestre. "Posso garantir que não aconteceu nenhum desembarque no domingo em Áden, afirmou. Até o momento, a coalizão árabe que atua no Iêmen havia se limitado a executar apenas bombardeios aéreos.
Um dos líderes da "resistência popular", grupo de forças que combatem os rebeldes huthis, confirmou a presença de elementos militares da coalizão na cidade. "Uma força limitada da coalizão chegou a Áden para nos ajudar a enfrentar os huthis e os soldados soldados leais ao (presidente Ali Abdallah) Saleh", disse à AFP.
Segundo esta fonte, os soldados devem apoiar os combatentes locais da "resistência popular" que cercam os insurgentes entrincheirados no aeroporto internacional da cidade, onde voltaram a acontecer combates nas últimas horas. Este local estratégico mudou de mãos em diversas ocasiões desde a chegada dos rebeldes a Áden em 26 de março, no mesmo dia em que começaram os bombardeios aéreos da coalizão e que o presidente iemenita, Abd Rabo Mansur Hadi, fugiu do país para encontrar refúgio na Arábia Saudita.
O canal Al-Jazeera exibiu imagens de um grupo de soldados armados a caminho do bairro de Khor Maksar, perto do aeroporto. Segundo outras fontes da "resistência popular", os soldados enviados pela coalizão seriam apenas algumas dezenas de militares de origem iemenita pertencentes às Forças Armadas da Arábia Saudita ou dos Emirados Árabes Unidos.
[SAIBAMAIS]
Ao ser questionado, o general Asiri respondeu que "revelar detalhes não é do interesse da segurança dos que realizam as operações". A Arábia Saudita é objeto de críticas pela campanha aérea no Iêmen, que já dura cinco semanas, e tem como objetivo restabelecer o governo legítimo de Hadi no Iêmen e expulsar os rebeldes xiitas huthis, apoiados pelo Irã xiita, que conquistaram importantes territórios, incluindo a capital Sanaa, desde setembro de 2014.
Mas o número de vítimas civis do conflito no Iêmen não para de aumentar - mais de 1.200 desde meados de março, segundo a ONU - e a situação humanitária é catastrófica. Neste domingo, a ONG Human Rights Watch (HRW) acusou a coalizão de ter utilizado bombas de fragmentação fornecidas pelos Estados Unidos nos bombardeios aéreos contra os rebeldes xiitas no Iêmen, apesar de um tratado internacional que proíbe o uso deste tipo de armamento.
Fotos, um vídeo e outros elementos verificáveis obtidos desde abril tendem a indicar que nos bombardeios realizados nas últimas semanas contra Saada, reduto rebelde huthi no norte do Iêmen, foram utilizadas bombas de fragmentação, afirma a HRW em um comunicado.
A organização de defesa dos direitos humanos informou ter estabelecido, por meio de uma análise de imagens de satélites, que a munição parece ter caído em uma área de plantação, a 600 metros de dezenas de edifícios. Este tipo de munição, que ao ser detonada libera um grande número de pequenas bombas, representa um grande perigo para os civis e está proibida por um tratado adotado em 2008 por 116 países.