Estados Unidos e Japão reafirmaram nesta terça-feira a sólida aliança entre as duas nações, considerada fundamental para a segurança na Ásia-Pacífico, em um momento em que a China marca cada vez mais presença na região.
"A aliança é a pedra angular da paz e da segurança na região Ásia-Pacífico", indicaram os dois países em um comunicado conjunto difundido no início de um encontro na Casa Branca entre o presidente Barack Obama e o primeiro-ministro Shinzo Abe, que realiza nesta semana uma visita histórica aos Estados Unidos.
Também foram celebrados os "avanços significativos" em suas discussões bilaterais para a assinatura de um amplo acordo de livre-comércio Ásia-Pacífico, com 12 países e a ausência da China.
"O caminho percorrido por nossos países demonstra que a reconciliação é possível", afirmou texto, marcado pela proximidade do 70; aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, da qual o Japão saiu derrotado após sofrer os bombardeios atômicos dos EUA em Hiroshima e Nagasaki. "Hoje a ordem internacional enfrenta novos desafios, do extremismo violento aos ataques cibernéticos", acrescentou o comunicado.
O documento adverte -em uma referência implícita à China- que "ações de Estados prejudicam o respeito à soberania e à integridade territorial, tentando mudar unilateralmente o status quo pela força ou pela coerção". "Essas ameaças colocam em risco muito do construímos", acrescentou.
Japão e China disputam a soberania de ilhas desabitadas no mar da China oriental, chamadas de Senkaku pelo Japão e de pela China. Os Estados Unidos têm desde 1960 um tratado de Defesa com o Japão, que os obriga a defender o país asiático em caso de ataque.
O secretário de Estado John Kerry reafirmou no início da semana que essa aliança cobrirá "todos os territórios sob responsabilidade japonesa, incluídas as ilhas Senkaku".
Nesta terça-feira, Obama enfatizou que Estados Unidos e Japão "compartilham a inquietude" sobre as atividades de Pequim no Mar da China, onde Pequim iniciou construção em arrecifes das ilhas Spratleys, disputada há décadas por vários países da região.
"Estados Unidos e Japão compartilham o princípio da liberdade de navegação, o respeito ao direito internacional e a resolução pacífica de controvérsias sim limitações", disse Obama durante uma coletiva de imprensa conjunta com Abe. Obama ressaltou, contudo, que a aliança Estados Unidos-Japão não deve ser vista na China como uma ameaça, enfatizou o presidente americano.
Comércio e mangás
Obama e Abe celebraram os "avanços significativos" em suas negociações bilaterais para assinar um vasto acordo de livre comércio Ásia-Pacífico que abarcaria 12 países, representando 40% do PIB mundial.
O acordo inclui Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã.
Obama advertiu antes do encontro que não acredita que todas as discussões em curso serão concluídas, lembrando que há temas difíceis como a questão sensível da abertura do mercado automotivo japonês às empresas estrangeiras.
Mas também enfatizou, nas declarações ao Wall Street Journal, sua visão sobre a importância de um acordo transpacífico. "Se não escrevermos as regras, a China escreverá as regras nessa região", informou.
Os dois mandatários esclareceram, ainda, que não são contra o Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura.
"A Ásia precisa de infraestrutura, e na medida em que a China quer colocar capital em projetos de desenvolvimento na região, isso é positivo", disseram. Os dois ressaltaram, contudo, que é preciso transparência.
"O que está envolvido é exatamente o que o primeiro-ministro Abe disse, que é: se teremos uma instituição multilateral de crédito, então é preciso haver algumas diretrizes pelas quais ela vai operar. É assim que o Banco Mundial opera", alertou Obama.
Após um acordo protocolar, Obama agradeceu ao primeiro-ministro japonês por todas as coisas provenientes do Japão que os americanos, segundo ele, "adoram": o caratê, o karaoke, os mangás e "claro os (emoticons) emojis".
Na quarta-feira, Abe se tornará o primeiro dirigente japonês a discursar no Congresso americano, um privilégio reservado aos maiores parceiros de Washington.