Jacqueline Saraiva
postado em 28/04/2015 14:40
Os esforços da família e da diplomacia nacional foram inúteis diante da lei da Indónesia, que confirmou a execução do paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42 anos, às 14h40 desta terça-feira (28/4), horário de Brasília. Ele é o segundo brasileiro condenado à morte pelo governo indonésio, após condenação por tráfico de drogas. Hoje, outras sete pessoas foram executadas.
Mary Jane Fiesta Veloso
Mary Jane Fiesta Veloso
Mary Jane Fiesta Veloso, uma filipina, que também seria fuzilada hoje, aguarda a decisão das autoridades da Indonésia. A única mulher do grupo informou que havia viajado ao país para trabalhar como doméstica. A mulher alega ainda que traficantes a enganaram e colocaram 2,6 Kg de heroína em sua mala. Segundo o Jakarta Post, o advogado da Filipina pediu para que o fuzilamento fosse suspenso, após a mulher, que possívelmente recrutou Mary Jane, se entregou à polícia.
Parentes realizaram, poucas horas antes, a última visita aos estrangeiros condenados à pena de morte, na prisão da ilha de Nusakambangan, "a Alcatraz indonésio". Além de Goularte, foram fuzilados dois australianos, quatro nigerianos e um indonésio, todos condenados por tráfico de drogas. Várias ambulâncias com caixões já estavam na prisão. Todos receberam a notificação da execução no sábado (25/4), com um pré-aviso de ao menos 72 horas. A imprensa australiana publicou fotografias das cruzes destinadas aos caixões, com data de 29.04.2015.
Crise diplomática
Rodrigo Gularte foi detido em 2004 depois de tentar entrar no aeroporto de Jacarta com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe. Durante todo o processo na Justiça do país, a família apresentou vários relatórios médicos para demonstrar que ele sofria de esquizofrenia e que, portanto, não deveria ser executado. Aparentando tranquilidade, o próprio Gularte acreditava que seria salvo, segundo a prima dele Angelita Muxfeldt afirmou hoje à imprensa local.
O presidente indonésio, Joko Widodo, é intransigente sobre a aplicação da pena de morte por tráfico de drogas e ignora os apelos de clemência e as pressões diplomáticas internacionais para evitar as execuções. Ele alega que o país enfrenta uma situação de emergência ante o problema das drogas e precisa de uma "terapia de choque". A pena capital por narcotráfico ou até mesmo pela posse de pequenas quantidades de droga também é aplicada em outros países do sudeste da Ásia, como Malásia, Vietnã, Tailândia e Cingapura.