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Turquia celebra batalha de Galípoli à sombra do genocídio armênio

O chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan, homenageou os soldados mortos e enviou uma mensagem de paz


Difamação

Como fez Davutoglu no início da semana, Erdogan reconheceu na quinta-feira o sofrimento dos armênios do Império Otomano entre 1915 e 1917, mas voltou a negar a existência de um genocídio, reconhecido por vinte países.

"A questão armênia se converteu em instrumento de uma campanha de difamação contra a Turquia, o que rejeitamos", afirmou, inflexível.

Após a grande cerimônia internacional e ecumênica desta sexta-feira, os antigos beligerantes de 1915 honrarão os mortos na batalha de Dardanelos em atos que durarão até sábado.

Austrália e Nova Zelândia organizarão, por exemplo, a famosa "cerimônia do amanhecer" na manhã de 25 de abril, na hora exata do desembarque das primeiras tropas aliadas nas praias turcas.

A batalha de Dardanelos começou em fevereiro de 1915 quando uma flotilha franco-britânica tentou forçar o Estreito dos Dardanelos para se apoderar de Istambul, capital de um Império otomano então aliado da Alemanha.

Seu fracasso obrigou os aliados a desembarcar em Galípoli, dando início a uma guerra de trincheiras de nove meses que deixou mais de 400.000 mortos ou feridos nos dois lados, e terminou com uma retirada humilhante.

Apesar da derrota, o heroísmo dos jovens soldados australianos e neozelandeses, que viviam seu primeiro conflito, contribuiu para formar a identidade nacional dos dois países.

"Sua perseverança, sua entrega, sua valentia e sua compaixão nos definiram como nação", declarou o chefe de governo australiano, Tony Abbott.

Por sua vez, o Império Otomano acabou a guerra no grupo dos perdedores e foi desmantelado. Mas a batalha de Galípoli se converteu em um símbolo da resistência que levou ao nascimento da moderna república turca em 1913.

A um mês das eleições legislativas turcas de 7 de junho, não há dúvida de que Erdogan tentará tocar nesta sexta-feira a fibra patriótica de seus cidadãos.