Washington - O Irã destacou nesta segunda-feira que um acordo sobre seu programa nuclear abrirá caminho para uma maior cooperação com seus vizinhos, e defendeu negociações de paz para acabar com o conflito no Iêmen.
"Com uma valente liderança e a audácia para tomar as decisões corretas, podemos e devemos por fim a esta crise fabricada e seguir adiante em questões muito mais importantes", disse o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammed Javad Zarif, em referência às suspeitas sobre o programa nuclear de Teerã.
A posição de Zarif veio através de uma coluna publicada no jornal The New York Times, sob o título "Uma mensagem do Irã", antes da nova rodada de conversações em Viena, esta semana, com as potências estrangeiras sobre o programa nuclear iraniano.
A Casa Branca, que acusa o Irã de exacerbar as tensões mediante seu "apoio" e a "entrega de armas" aos rebeldes huthis no Iêmen, reagiu com firmeza ao texto.
O porta-voz da presidência americana Josh Earnest destacou a "ironia" da declaração de Zarif de "defender uma solução diplomática quando, ao mesmo tempo, seu país segue entregando armas às partes envolvidas para que continuem com a violência".
Teerã e o grupo 5%2b1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha) firmaram no início de abril um acordo básico sobre o programa nuclear iraniano, após meses de negociações. Agora, têm até o dia 30 de junho para solucionar os aspectos técnicos e jurídicos deste pacto e firmar um documento definitivo.
"O Irã é claro: o alcance do nosso compromisso construtivo vai além das negociações nucleares", escreveu Zarif, destacando que o "tema nuclear foi o sintoma e não a causa da desconfiança e do conflito".
"Não é uma questão de levantar ou derrubar governos: o tecido social, cultural e religioso de países inteiros está sendo despedaçado".
O Irã apresentou na semana passada um plano de paz de quatro pontos para o Iêmen que defende um cessar-fogo imediato, um acesso humanitário "sem restrições", a retomada do diálogo nacional entre todos os protagonistas e a "formação de um governo de união nacional sem exclusões".
Zarif propôs ainda um diálogo no Golfo que inclua "os atores regionais relevantes" com o objetivo de alcançar o "respeito à soberania e à integridade territorial", assim como a "inviolabilidade das fronteiras internacionais" e a "não interferência nos assuntos internos".