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Justiça italiana mantém prisão de acusados de jogar cristãos no mar

O crime teria sido motivado "pela fé cristã das vítimas, contrária à fé muçulmana dos agressores. As ameaças se concretizaram e 12 pessoas", indicou a polícia italiana

Roma - A Promotoria de Palermo confirmou nesta sexta-feira o pedido de prorrogação da prisão de quinze imigrantes acusados de jogar doze cristãos no mar após uma briga na embarcação que os transportava da Líbia para a Europa.

A investigação da tragédia, que custou a vida de doze refugiados cristãos, jogados ao mar por sua religião, foi aberta pela Promotoria de Palermo. Os sobreviventes e os quinze acusados, muçulmanos da Costa do Marfim, Mali e Senegal, foram interrogados até tarde da noite.

[SAIBAMAIS]

"A investigação ainda está no início", explicou ao jornal La Repubblica o procurador geral de Palermo, Francesco Lo Voi. "Ainda temos muito a fazer para reconstituir exatamente como tudo aconteceu", ressaltou.

"Esta tragédia traz nova luz a esses fenômenos, porque é a primeira vez que acontece", afirmou Lo Voi, considerando que, "até então, esses imigrantes eram vítimas de organizações de traficantes, contrabandistas inescrupulosos que os espremiam em embarcações inadaptadas para enfrentar o mar (...) mas uma briga por questões religiosas é verdadeiramente desestabilizador".


Por meio do cardeal Antonio Maria Veglio, "ministro" do Papa para os migrantes, o Vaticano lamentou um "ato condenável de maneira absoluta". Veglio também criticou a falta de reação na Europa após a tragédia: "quando cristãos morrem, a Europa transmite a impressão de estar cansada", observou em uma entrevista ao site Vatican Insider.

O crime teria sido motivado "pela fé cristã das vítimas, contrária à fé muçulmana dos agressores. As ameaças se concretizaram e 12 pessoas, todas nigerianas e ganesas, foram jogadas no mar Mediterrâneo, onde sucumbiram", indicou a polícia italiana na quinta-feira, com base no testemunho de sobreviventes.