Nouakchott - O grupo jihadista do argelino Mokhtar Belmokhtar reivindicou o ataque suicida de quarta-feira contra o contingente nigeriano da base da ONU no norte do Mali, que matou dois civis, em uma gravação de áudio divulgada nesta sexta-feira pela agência mauritana Al-Akhbar.
Nesta gravação em árabe, quase inaudível, um porta-voz do grupo Al-Murabitun afirma que esta foi "a segunda operação para vingar os insultos contra o profeta" do Islã, depois do atentado de Bamako em 7 de março, que matou cinco pessoas, também reivindicado pelo Al-Murabitun através deste canal.
[SAIBAMAIS]
Ele explica ter atacado o contingente nigeriano em razão da "participação do presidente (Mahamadou) Issoufou na passeata em apoio à revista Charlie Hebdo em Paris, a prisão de jihadistas por seu regime e pela recepção no solo nigeriano de bases militares americanas e francesas".
O porta-voz negou, no entanto, que civis tenham sido atingidos, "dada a distância entre o campo e a cidade" de Ansongo, perto de Gao, onde o ataque ocorreu.
A Missão das Nações Unidas no Mali (Minusma) havia informado a morte de três e 16 feridos, incluindo nove soldados da paz nigerianos, no ataque suicida.
No dia seguinte, o governo do Mali indicou em um comunicado que entre os três mortos estava "o próprio terrorista, uma criança e um funcionário civil da Minusma", referindo-se a "21 feridos entre os civis e as forças de paz do contingente nigeriano".
Por sua vez, o chefe da Minusma, Mongi Hamdi, disse estar "chocado com o fato de valorosos soldados da paz serem atacados, assim como civis inocentes".A gravação de áudio de três minutos e meio é acompanhada por um retrato de Mokhtar Belmokhtar.
O norte do Mali caiu em 2012 sob o controle de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda, que foram, em parte, expulsos pela operação "Serval", lançada por iniciativa da França em janeiro de 2013 e que foi sucedida em agosto de 2014 pela "Barkhane", cujo alcance se estende a toda a zona do Sahel-Saara.