Ancara, Turquia - O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, condenou energicamente nesta sexta-feira (17/4) a resolução do Parlamento Europeu na qual pede à Turquia que reconheça o genocídio armênio de 1915, considerando que isso simboliza o aumento do "racismo na Europa". "Se quiser contribuir para a paz, o Parlamento Europeu não deveria tomar decisões que incitem o ódio em relação a uma certa religião ou grupo étnico", declarou Davutoglu.
O Parlamento Europeu encorajou na quarta-feira a Turquia a aproveitar as celebrações do centenário do massacre dos armênios pelo Império Turco Otomano para "reconhecer o genocídio e abrir caminho para uma verdadeira reconciliação entre os povos turco e armênio". O genocídio armênio é reconhecido por diversos países, incluindo Argentina, Uruguai, França, Suíça, Rússia e, desde 1987, o Parlamento Europeu.
[SAIBAMAIS]A Turquia rejeita o termo genocídio, embora reconheça que ocorreram massacres e que entre 250 mil e 500 mil armênios morreram em Anatólia entre 1915 e 1917 durante o Império Otomano. Os armênios dizem que 1,5 milhão de pessoas morreram. O Império Otomano foi desmantelado em 1920, dois anos depois da criação de um Estado independente armênio, em maio de 1918, posteriormente absorvido pela União Soviética. O Estado turco moderno foi fundado em 1923 por Mustafa Kemal Atatürk.
Atualmente, 3,2 milhões de armênios vivem na Armênia, e a diáspora é calculada em mais de 8 milhões de pessoas, residentes em Estados Unidos, Oriente Médio, França, Canadá e América Latina, principalmente. Ancara rejeitou imediatamente a votação do Parlamento europeu. "Seja qual for o resultado da votação do Parlamento da União Europeia, entrará por um ouvido e sairá imediatamente pelo outro porque a Turquia não pode reconhecer um pecado ou um crime deste tipo", declarou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, à imprensa.
Erdogan havia taxado na terça-feira de delírios as declarações de domingo do papa Francisco, que usou a expressão genocídio para descrever os massacres de armênios.
A resolução do Parlamento acontece depois do discurso de Francisco, pronunciado no domingo durante uma missa na Basílica de São Pedro e desencadeou uma grave crise diplomática entre o Vaticano e a Turquia, aliada importante na luta contra o islamismo radical que está sendo devastador para as comunidades cristãs do Oriente Médio.