Alemanha - Milhares de jovens judeus de Israel e de outros países, acompanhados de jovens poloneses, participaram nesta quinta-feira à tarde da Marcha anual dos Vivos em homenagem às vítimas do Holocausto no campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau.
Auschwitz-Birkenau, que guarda os vestígios do campo no sul da Polônia onde um milhão de judeus foram mortos pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, é considerado o símbolo do Holocausto.
"Não acreditem nas palavras mágicas ;Nunca mais;: já voltou a acontecer. Pensem na Bósnia, no Sudão, em Ruanda. De diferentes maneiras, com diferentes povos, mas aconteceu", declarou Sigmund Rolat, sobrevivente do Holocausto, em uma mensagem aos participantes desta 24; marcha.
"A Shoah continua a ser única no sentido de que não houve precedentes. Todos os genocídios são trágicos, e guardar a lembrança é a primeira etapa para evitar que eles se reproduzam", acrescentou.
O papa Francisco também enviou uma mensagem aos participantes da marcha.
"Sou muito próximo dessas iniciativas que se pronunciam não apenas contra a morte, mas também contra milhares de fobias discriminatórias que escravizam e que matam", escreveu o pontífice.
Como nos outros anos, os participantes caminharam ao som do schofar, instrumento de sopro utilizado pelos judeus em seus rituais, passando pela entrada do campo, com a inscrição tristemente famosa "Arbeit macht frei" (O trabalho liberta).
Em seguida, eles percorreram a pé a estrada entre Auschwitz, a parte mais antiga do campo, e Birkenau, principal local de extermínio dos judeus, para uma cerimônia de recordação em frente a um memorial internacional.
"Eu cresci lendo sobre este local, aprendendo sobre este local, mas nada te prepara para realidade. É o centro absoluto do mal", declarou à AFP Daniel Eu Salomon, de 36 anos, vindo de Londres.
Segundo Ivan Gabor, de 82 anos, sobrevivente do Holocausto, originário da Hungria, os jovens reunidos nesta quinta-feira em Auschwitz "não compreendem ainda o que é este local, mas vão compreender com o tempo. Eles vão voltar para casa, terão um tempo de reflexão e então vão compreender muito melhor este local".
Entre 1940 e o início de 1945, a Alemanha nazista exterminou em Auschwitz-Birkenau cerca de 1,1 milhão de pessoas, incluindo um milhão de judeus de diferentes países europeus.
Este campo, onde cerca de 80.000 poloneses não-judeus, 25.000 ciganos e 20.000 soldados soviéticos também foram mortos, foi libertado pelo Exército Vermelho em janeiro de 1945.