Moscou, Rússia - Acusado por alguns na Europa de ser ambíguo sobre a história soviética, o presidente russo Vladimir Putin reconheceu nessa quinta-feira (16/4) que impor "pela força" o modelo socialista em países do leste europeu após a Segunda Guerra Mundial não "foi uma boa ideia".
O chefe de Estado russo fazia referência ao estabelecimento após a Segunda Guerra Mundial de regimes comunistas nos países do leste europeu, principalmente na República Tcheca, Hungria e Polônia. Por mais de quarenta anos, esses países do bloco socialista, ou do "bloco do leste", foram controlados em maior ou menor medida por Moscou. "Continuamos a sentir o eco" da política soviética da época, considerou Vladimir Putin, ressaltando, contudo, que os Estados Unidos fizeram o mesmo.
[SAIBAMAIS]"Os americanos se comportaram mais ou menos da mesma maneira, tentando impor um modelo em todo o mundo, e eles também vão fracassar", assegurou Putin.
As tensões entre a Rússia e os ocidentais, que os acusa de envolvimento direto na crise na Ucrânia, reascenderam uma velha polêmica sobre o controle da URSS de Stálin sobre os países do leste europeu. Os países bálticos e a Polônia, ocupados no passado pelas tropas soviéticas, temem que a atual guerra na Ucrânia seja o preâmbulo de uma repetição da História.
Recentemente, o presidente polonês, Bronislaw Komorowski, considerou que os soviéticos realmente "acabaram com a ocupação hitlerista da Polônia", mas "não trouxeram liberdade".
Stálin não é Hitler
Por sua vez, Vladimir Putin citou durante o programa televisivo a adoção pelo Parlamento da Ucrânia de leis que remontam à memória visando a "dessovietização" do país. Estas leis colocam no mesmo patamar os regimes soviético e nazista e proíbem toda "negação pública" de seu caráter "criminoso", bem como a "produção" e utilização pública de seus símbolos - como hino, bandeiras ou a famosa foice e martelo - com algumas exceções.
Contudo, Putin considerou que não há razões para colocar o nazismo e stalinismo no mesmo nível". "Ainda que fossem monstruosos do ponto de vista da repressão e das deportações de povos inteiros, o regime stalinista não tinha a intenção de aniquilar a população", considerou Putin .