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Israelenses paralisam atividades para recordar as vítimas do Holocausto

Quase 190 mil pessoas que conseguiram sobreviver ao horror nazista vivem atualmente em Israel



Às 10H00 (4H00 de Brasília), carros, o bonde de Jerusalém, ônibus e pedestres ficaram imóveis por 120 segundos para participar na homenagem coletiva.

Emissoras de rádio e canais de televisão, que exibiam desde quarta-feira (15/4) depoimentos, documentários e filmes sobre o genocídio, interromperam a programação por dois minutos.

Este ano, as cerimônias destacam o 70; aniversário da libertação dos campos de concentração e da "volta à vida" após a deportação.

Quase 190 mil pessoas que conseguiram sobreviver ao horror nazista vivem atualmente em Israel, segundo a Fundação para o Bem-Estar dos Sobreviventes da Shoah (como se conhece o Holocausto) em Israel. Apesar das ajudas governamentais, quase 25% deles vivem no limite da pobreza.

Na quarta-feira à noite, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estabeleceu, como fez em anos anteriores, um paralelo entre o Holocausto e a ameaça para a existência de Israel representada pelo Irã.

"Assim como os nazistas tentaram esmagar a civilização para fazer reinar na Terra uma raça superior, ao querer erradicar o povo judeu, o Irã também pretende assumir o controle da região, apagar e anular o povo judeu", declarou.

Israel é o maior crítico do acordo preliminar entre as grandes potências e o Irã sobre o programa nuclear de Teerã, que segundo o governo israelense tem por principal objetivo ameaçar a existência do Estado hebreu.

Durante a cerimônia em Yad Vashem, o monumento que recorda a Shoah, o presidente israelense Reuven Rivlin afirmou que é "um erro considerar que o Estado de Israel existe como compensação pelo Holocausto".

"Nós viemos de Auschwitz, não por causa de Auschwitz", afirmou.

A Universidade de Tel Aviv publicou um estudo nesta quinta-feira que mostra que os atos antissemitas violentos no mundo aumentaram quase 40% no ano passado.

Em 2014 foram registrados 766 atos antissemitas violentos contra pessoas ou instituições judaicas, contra 554 em 2013, segundo o relatório anual do Centro Kantor para o Estudo do Judaísmo Europeu Contemporâneo.

O número de ataques a mão armada contra pessoas ou instituições judaicas mais que dobrou no ano passado com 68 casos no mundo, e os ataques contra sinagogas registraram alta de 70%, segundo o estudo.

Como nos anteriores, a França, país da Europa com o maior número de judeus (quase 600.000), foi o local com mais incidentes antissemitas violentos, com 164. Mas, segundo o estudo, o Reino Unido registrou uma alta mais considerável: 141 atos violentos em 2014 contra 95 em 2013.

O estudo destaca uma tendência mundial de reforçar os planos de luta contra o antissemitismo, mas considera que "não têm nenhum efeito sobre os principais personagens do antissemitismo: a extrema-direita e a extrema-esquerda, o islamismo radical e outros grupos sem vínculo político".