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Ataque atribuído às Farc mata ao menos 10 militares na Colômbia

A guerrilha lamentou a morte dos militares colombianos em um combate e pediu ao governo de Juan Manuel Santos que aceite uma trégua bilateral, ao mesmo tempo que as duas partes negociam a paz em Cuba

Bogotá - Um ataque atribuído à guerrilha das Farc em uma zona remota de Cauca, oeste da Colômbia, deixou ao menos 10 militares mortos e 17 feridos, informou o governador deste departamento, Temístocles Ortega, um incidente que foi condenado pelo presidente Juan Manuel Santos.

"Fui informado por fontes militares que na madrugada de hoje (quarta-feira) ocorreu um ataque a uma guarnição militar em La Esperanza, no norte do Cauca, no qual infelizmente 10 militares morreram e 17 ficaram feridos, quatro em estado grave", disse Ortega à emissora Blu Radio.

O governador apontou como responsável uma coluna móvel das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, comunistas), que estão em diálogos de paz com o governo nacional em Cuba desde novembro de 2012 e que anunciaram em dezembro de 2014 uma trégua unilateral e indefinida na Colômbia.

[SAIBAMAIS]

"Lamento a morte de soldados em Cauca. Esta é precisamente a guerra que queremos terminar", disse Santos através de sua conta do Twitter, anunciando que analisa o ocorrido com a cúpula militar e que viajará neste mesmo dia à região, um reduto tradicional da guerrilha das Farc.

A guerrilha das Farc lamentou a morte dos militares colombianos em um combate e pediu ao governo de Juan Manuel Santos que aceite uma trégua bilateral, ao mesmo tempo que as duas partes negociam a paz em Cuba.



"Manifestamos nossa preocupação com as informações de novos combates em Cauca. Isto tem como causa a incoerência do governo de estar ordenando operações militares contra uma guerrilha que está em trégua unilateral desde dezembro", declarou à imprensa o comandante guerrilheiro Pastor Alape em Havana.

"Lamentavelmente estamos vendo mortos na Colômbia representada no Estado", disse Alape, integrante da delegação das Farc que negocia um acordo de paz com o governo em Cuba."Seja emboscada ou contraemboscada (pouco importa), o que temos que ver é que são colombianos mortos", acrescentou.

"Senhor presidente Santos, a trégua bilateral é urgente", disse, antes de afirmar que o exército colombiano prossegue com as operações contra "uma guerrilha que vai completar quatro meses evitando combates".

O governo de Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia negociam um processo de paz em Havana desde novembro de 2012, que alcançou acordos até o momento em três dos seis pontos da agenda.

A Colômbia vive um conflito armado que envolveu guerrilhas, paramilitares, forças militares e grupos de narcotraficantes, e que deixou oficialmente ao menos 220.000 mortos e mais de cinco milhões de deslocados.