A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) denunciou nesta segunda-feira (13/4) a suposta exploração de crianças palestinas que trabalham em fazendas nas colônias israelenses na Cisjordânia.
Centenas de crianças, algumas de apenas 11 anos, trabalharam em troca de baixos salários em condições perigosas em fazendas de colonos no setor ocupado pelos israelenses no Vale do Jordão, afirmou a HRW em um relatório de 74 páginas.
O líder dos assentamentos colonos no Vale do Jordão desmentiu o documento, considerando-o mentiroso.
O informe, intitulado "Ripe for Abuse", afirma que Europa e Estados Unidos são os principais importadores dos produtos agrícolas procedentes das fazendas dos assentamentos israelenses.
"Os assentamentos israelenses estão se beneficiando dos abusos contra as crianças palestinas", disse a diretora da HRW para o Oriente Médio, Sarah Leah Whitson, em um comunicado.
"As crianças de comunidades empobrecidas pela discriminação israelense e pelas políticas de colonização estão abandonando a escola e trabalhando em empregos perigosos porque sentem que não têm nenhuma alternativa, enquanto Israel faz vista grossa", acrescentou.
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O relatório, baseado nos dados de 38 crianças palestinas e de 12 adultos empregados em fazendas de colonos, afirma que os menores às vezes trabalham mais de 60 horas semanais em altas temperaturas, recolhendo vegetais e fumigando-os.
Muitas sofreram cortes e ferimentos de facas afiadas e máquinas, e algumas tiveram episódios de vômitos e tonteiras após a pulverização de pesticidas com pouca proteção.
A HRW lembrou que as leis trabalhistas israelenses proíbem que os jovens transportem cargas pesadas, trabalhem em altas temperaturas e com pesticidas perigosos e lamentou que Israel "não aplique estas leis para proteger crianças palestinas", convocando o governo israelense a proibir o emprego de crianças palestinas em suas colônias.
Por sua vez, o líder da comunidade de colonos de Israel no Vale do Jordão desmentiu o documento.
"São mentiras. O único objetivo desta organização (HRW) é manchar a imagem de Israel", declarou à AFP David Elahayani, que também é fazendeiro.
Além disso, Elhayani acrescentou que um fazendeiro pode perder sua autorização de exportação se for constatado que emprega menores.
No entanto, reconheceu saber que há "empregados terceirizados palestinos que vêm para realizar trabalhos muito específicos por um período breve de tempo, quando é preciso aumentar a mão-de-obra".
"Se alguma criança infiltrada (trabalha em uma fazenda a través de um terceirizado), eu não tenho como saber", disse.
A HRW declarou que em ao menos um caso um intermediário palestino havia "fornecido trabalhadores palestinos aos colonos.