Washington - A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, confirmou que a Grécia pagou nesta quinta-feira (9/4) os 459 milhões de euros correspondentes à parcela de abril, mas a incerteza sobre a capacidade de Atenas pagar as dívidas a partir de maio prossegue, ante a falta de acordo com os credores.
"Sim, recebi meu dinheiro", afirmou Lagarde quando indagada sobre a questão durante o Atlantic Council, em Washington.
Atenas informou anteriormente que o pagamento havia sido efetuado.
Lagarde havia dito no domingo (5/4), ao final de uma reunião que manteve com o ministro grego das Finanças, Yanis Varufakis, que Atenas se comprometeu a efetuar o pagamento da parcela de abril.
Em Moscou, o primeiro-ministro Alexis Tsipras fez um apelo por um "compromisso honesto", que reabra para a Grécia o acesso aos empréstimos da União Europeia e do FMI.
Tsipras afirmou que sua prioridade continua sendo chegar a um acordo com a UE e manter a Grécia dentro da Eurozona.
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"O objetivo do governo é que a Grécia permaneça no euro. Permanecer na eurozona. Consideramos que este problema que enfrentamos é um problema comum europeu e, por esta razão, buscamos uma solução conjunta a nível europeu", disse o chefe de Governo.
Na quarta-feira (8/4), o Banco da Grécia recebeu a ordem de pagamento de 459 milhões de euros do FMI, que foi efetuada nesta quinta-feira. O pagamento será oficializado durante a tarde, quando o FMI iniciar o expediente em Washington, afirmou à AFP uma fonte que conhece os detalhes da transação.
"É impossível que a Grécia não cumpra os pagamentos da dívida este mês", disse a fonte.
A dívida que falta pagar inclui um pouco menos de 400 milhões de euros de juros e 2,4 bilhões de euros em letras do Tesouro a seis e três meses, com vencimentos em 14 e 17 de abril.
A Agência Grega da Dívida (PDMA) conseguiu emitir na quarta-feira 1,14 bilhão de euros em títulos a seis meses, em sua maioria com bancos e investidores gregos.
A Grécia, que registrou uma queda ainda maior de recursos desde a chegada ao poder, em janeiro, do partido de esquerda radical Syriza, espera desde agosto do ano passado um empréstimo de 7,2 bilhões de euros.
Esta é a última parcela da injeção de 240 bilhões de euros que a UE e o FMI começaram a repassar ao país em 2010, em troca de reformas drásticas.
Mas a questão da falta de pagamento ainda pesa sobre o país, já que em maio tem que pagar 760 milhões de euros ao FMI, garantir 320 milhões de euros em juros e renovar 2,8 bilhões de euros em títulos do Tesouro.